Implementar técnicas alternativas a testes com animais no meio acadêmico, como pretende um projeto de lei aprovado recentemente pelos vereadores do Rio, enfrentará o conservadorismo dos profissionais da área de saúde, na opinião do representante da ONG InterNiche no Brasil, professor Thales Trez, da Unifal (Universidade Federal de Alfenas-MG).
“Diferentemente da área de pesquisa, não se trata de descobrir algo novo, mas de difundir uma coisa que já se conhece. Logo, não é difícil admitir a substituição da vivissecção por modelos e manequins feitos em materiais como o plástico ou simuladores, ou até CD-ROMs”, argumenta.
Trez admite que alguns desses métodos –principalmente aqueles ligadas à informática– possuem um custo de implantação alto. Ele afirma, porém, que a vida útil dos equipamentos compensa os gastos.
“É preciso conscientizar as universidades de que usar animais também é caro. Os reagentes usados nos experimentos também custam dinheiro. E duram apenas uma vez. Os CD-ROMs são usados durante muitos anos e alguns dos programas são de uso livre, podem ser baixados na internet.”
No Brasil, não existe nenhuma instituição que rejeite por completo o uso de animais, segundo Trez, mas há tentativas da parte de alguns professores. “Na USP [Universidade de São Paulo], por exemplo, há uma disciplina da veterinária que utiliza apenas cadáveres de animais mortos no hospital da própria universidade”, conta.
Vídeo
O método de reutilização de cadáveres foi acompanhado também por Denise Gonçalves, que dirigiu o vídeo “Não Matarás – Os Homens e os Animais nos Bastidores da Ciência” pelo Instituto Nina Rosa, também ligado a causas de proteção aos animais.
“Usando os cadáveres do hospital veterinário de quatro a dez vezes, a universidade economiza 300 animais por ano. Em todo o país existem 112 faculdades de veterinária e a maioria não adota esse tipo de prática. É mais fácil pegar o bicho, que não tem ninguém para proteger a vida dele, usar e jogar fora”, diz.
O lançamento do vídeo está marcado para o próximo dia 6 de maio, em uma exibição pública no Memorial da América Latina (zona oeste de São Paulo). Os métodos de substituição da vivissecção para fins pedagógicos difundidos internacionalmente pela InterNiche estão disponíveis no site da ONG.
Folha Online
ONG critica universidades por uso de animais para fins pedagógicos
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