Estamos vivenciando o Ano Nacional dos Museus, em 2006. Por essa razão inúmeras comemorações estão sendo efetuadas no Brasil para fomentar uma abrangente política nacional para o setor museológico.
O Museu Dom José, com o apoio da Universidade Estadual Vale do Acaraú e da Diocese de Sobral, expôs seu acervo no Espaço Cultural da UNIFOR, a convite daquela instituição, no dia 11 de maio passado sob o tema: A História do Ceará nas obras Sacras e Decorativas do Museu Dom José.
Espera-se que novos olhares e concepção sobre a museologia sejam evidenciados a partir dessa exposição histórica e educativa, mostrando a dinâmica do MDJ, hoje uma referência entre os museus brasileiros.
A ação cultural de dom José Tupinambá da Frota, tem na criação do Museu Diocesano, o seu ponto mais elevado. Faz-se necessário destacar um pouco da trajetória, dificuldades e êxitos desse museu sobralense, a partir da década de 1980, quando o referido Museu passou por sérias dificuldades financeiras e organizacionais. Em razão disso, em 1987, um convênio firmado entre a Diocese de Sobral e a UVA, estabelecia que o Museu Dom José teria como instituição mantenedora, a Universidade Estadual Vale do Acaraú.
Reformas estruturais, por meio de recursos conseguidos com a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará e o Ministério da Cultura, tiveram início, sob a direção da professora Minerva Sanford, que permaneceu a frente do estabelecimento até 1996.
Nesse período, outro convênio, desta feita com a Universidade de Colônia (Alemanha), propiciou a vinda de professores e técnicos que restauraram algumas peças.
Em 1996, fui convidada para a direção do Museu Dom José pelo professor José Teodoro Soares. Era um grande desafio e confesso que quase recusei o convite. Mas, o espírito de solidariedade me fez aceitar, pela contribuição que poderia dar a esse patrimônio inestimável, deixado aos sobralenses por dom José Tupinambá da Frota.
Hoje, passados nove anos na direção do MDJ, juntamente com a professora Hilce Girão, posso testemunhar o quanto fez o professor Teodoro pela preservação e expansão do Museu Dom José.
Após quatro anos fechado ao público para reformas, o MDJ foi reaberto em 24 de março de 1997. O Museu apresentava uma exposição temática do museólogo Osvaldo Gouveia (UFBa), com cinco salas e exposição de artes plásticas dos artistas Zenon Barreto e Estrigas (xilogravura). Dava-se início ao inventário e catalogação do acervo pela equipe do museólogo baiano.
Em 1998, ano em que a UVA completou trinta anos, foi inaugurada a Sala da UVA com exposição de telas a óleo dos fundadores do ensino superior em Sobral, de autoria do sobralense Antônio Frutuoso.
Em 1999, procedeu-se a troca do piso de sete salas – Ala da Louçaria – quando foram transportadas noventa e duas mil peças para outro local.
Em comemoração aos 500 anos do descobrimento do Brasil (2000) foi inaugurada a Sala Mostra Portuguesa onde estão expostas trezentas peças do acervo, provenientes de Portugal e a Sala da Sé onde se encontram peças que pertenceram a Matriz de Sobral.
A UVA, como instituição mantenedora do Museu, não parou por aí, propiciando condições para o pleno funcionamento do mesmo.
Sentindo-se a necessidade de um espaço administrativo, foram reformadas duas salas, sendo equipadas com computadores, armários, arquivos, mesa para reuniões, televisor, vídeo-cassete, ventiladores e climatização do ambiente. Denominadas foram de Setor Administrativo Pe. Manoel Valdery da Rocha (2000).
Em 2001, aconteceu a implantação do projeto de Oficinas de Animação Pedagógica, atraindo alunos dos colégios públicos e privados para a Arte-Educação através do acervo. Foi outra conquista que recebeu apoio da instituição mantenedora, especialmente da professora Maria Norma Maia Soares que lançou a revista quadrinizada: O Museu da minha cidade.
Em 29 de março de 2001, comemorava-se o cinqüentenário de fundação oficial do Museu Dom José. Para a data, foram reformadas a Sala Dom José, que recebeu nova exposição e as salas: Companhia das Índias, da Iluminação e do Couro, em nova ala que tomou o nome do monsenhor Joviviano Loiola Sampaio. essas exposições foram projetadas, com o acervo existente. Na ocasião, toda a equipe do Museu recebeu fardamento e foram feitos outros melhoramentos.
Após a missa congratulatória, na Igreja do Menino Deus, o Coral da Secretaria da Fazenda (Sefaz), compondo o belo cenário, com a inauguração das luzes na fachada do prédio, fez tocante apresentação, os cantores posicionados junto às janelas do andar superior.
Registre-se a aquisição de um veículo (Kombi) para o Projeto Museu Itinerante que já percorreu mais de dez cidades circunvizinhas, colégios de Sobral, e Programas de Saúde da Família, levando de forma virtual uma mostra das variadas coleções do acervo.Destaque,também, para a criação de todo o material de publicidade: folders, cartazes, cartões-postais, revista quadrinizada e outros, sempre com o apoio da UVA. Em 2002, foi inaugurada a Sala Pe. Palhano, com a aquisição de cem fotografias e pertences do referido sacerdote, a quem dom José devotava grande amizade e gratidão.Em homenagem ao 3o. Bispo de Sobral, registramos ainda, a “Sala Dom Walfrido”, preparada com o acervo recebido de sua família após sua morte.
Ainda em 2002, tivemos a alegria de readquirir o cálice de Dom José que, há vinte anos, estava desaparecido. Para tanto, além de nossa obstinação na causa, tivemos total apoio do então magnífico reitor José Teodoro. No ano seguinte (2003) a Sala do Índio foi reformada para abrigar as peças dos índios Karajás, Canela, Paracanã doadas pela professora Suely Meneses, de Belém do Pará, coordenadora da UVA.
Com a aquisição do acervo do radialista José Maria Soares, (7.800 unidades – fotos, fitas cassetes, fitas de vídeo, discos etc.), doados por sua família, inauguiramos a Ala da Comunicação – Sala José Maria Soares e Sala da Imprensa – Correio da Semana. Foram investidos recursos para a reforma das salas, mobiliário, equipamentos, climatização e banners; uma comprovação incontestável do apoio prestado pelo Reitor ao Museu Dom José, em homenagem ao grande comunicador sobralense.
O acervo documental do padre João Mendes Lira, morto em 2006, acrescenta mais títulos à Biblioteca do Museu que deverá ter o nome do conhecido historiador sobralense.
– Deixo registrado, ainda, que a manutenção de material de expediente, limpeza, material de escritório e de funcionários, feito pela UVA, foi constante e que, em nenhum momento, foi negada qualquer solicitação nesse sentido.
É certo que tivemos sempre o apoio da Diocese em nossas decisões e da Prefeitura de Sobral nos aspectos de iluminação artística, segurança, pagamento de estagiários, permitindo a abertura do Museu aos domingos.
Expressamos, nesta oportunidade, os melhores agradecimentos ao professor José Teodoro Soares pela confiança em nós depositada, pela presteza às nossas solicitações e pela dimensão que proporcionou com sua atuação à instituição criada por dom José Tupinambá da Frota.
Sobral agradece e reconhece que o reitor Teodoro foi um dos maiores benfeitores desse patrimônio deixado pelo primeiro Bispo de Sobral, criando as condições indispensáveis para que pudéssemos divulgá-lo e prepará-lo para a contemporaneidade.
GLÓRIA GIOVANA S. MONT’ALVERNE GIRÃO é diretora do museu Dom José [O Povo]
O papel da UVA na revitalização do Museu Dom José
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