Cotidiano

Jamaica

Ainda existem lugares no mundo onde os bem-vindos excessos da natureza ainda não conheceram os indesejáveis excessos da indústria do turismo

Ainda existem lugares no mundo onde os bem-vindos excessos da natureza ainda não conheceram os indesejáveis excessos da indústria do turismo. A Jamaica já experimentou as delícias desse anonimato, quando, nos distantes anos 50 e 60, servia de playground apenas para abastados caretas norte-americanos. As agências de turismo vendiam nas páginas das revistas ianques a imagem de uma ilha cheia de candura e hospitalidade, enquanto, na sombra, a polícia travava uma luta inglória contra os rude boys, uma jovem e desorganizada confraria de revoltados cidadãos, que brigava contra tudo e todos que representassem a exploração e o imperialismo.

Um pouco de Geografia

É uma Ilha de clima tropical marítimo, com ocorrência de ciclones, possui relevo montanhoso no lado oriental (cujo ponto culminante, o monte azul, tem 2.467m de alt.); no centro e no oeste, o território é constituído por planaltos calcários, com algumas planícies aluviais, geralmente litorinas.

A agricultura se baseia nas culturas comerciais herdadas do período colonial (principalmente cana-de-açúcar e banana), enquanto a produção de viveres é insuficiente. A principal atividade econômica continua sendo a extração de bauxita, exportada em estado bruto ou sob a forma de alumínio, além do turismo internacional, que favorece o equilíbrio do balanço de pagamentos. Contudo, com um crescimento demográfico bastante acentuado e com uma oferta de empregos muito inferior às necessidades da população, o país permanece fortemente endividado e sob a influencia preponderante dos EUA. Durante os anos 80, foram adotados medidas econômicas austeras, em troca da ajuda do FMI. No entanto, a situação permanece desastrosa, com uma pesada dívida externa, desemprego (20%) e inflação elevados.

As culturas de exportação foram suplantadas por produções e subsistência: a cana-de-açúcar só ocupa 4% das terras cultivadas e o café 2%. A produção de bauxita, principal fonte de receitas, é pouco valorizada no mercado, devido à falta de energia elétrica. A Jamaica procura desenvolver o turismo (que assegura 25% do PIB), de modo a reduzir o crescente déficit de sua balança comercial.

Um pouco de História

Descoberta por Cristóvão Colombo em 1494 e ocupada inicialmente pelos espanhóis, a Jamaica foi conquistada pelos ingleses (possessão confirmada de Madri em 1670). Transformada em produtora de açúcar e grande centro de contrabando, constituiu, no séc. XVIII, entroncamento das rotas do trafico de escravos e beneficiou-se com o afluxo maciço de mão-de-obra africana. Após as guerras napoleônicas, a ilha lucrou com derrocada econômica de São Domingos, mas passou a sofrer a concorrência de Cuba e das Guinas. A abolição da escravatura (1833) e dos privilégios aduaneiros jamaicanos (1846) acabou de arruinar os plantadores e provocou intensa emigração para Cuba e para os EUA. Após 1870, a introdução da cultura da banana fez-se acompanhar pela implantação de grandes companhias estrangeiras (United Fruit).

Uma Constituição foi outorgada em 1884, mas a Jamaica continuou na mãos dos proprietários brancos. Foi, contudo, um branco, Alexander Bustamente, que a partir de 1930, tornou-se o primeiro líder populista jamaicano, aliado a seu primo Norman W. Manley. A constituição de 1953 deu à ilha um governo independente e, em 1962, a Jamaica assumiu a plena independência, embora tenha permanecido como membro da Commonwealt. À frente do Partido Trabalhista, Bustamente, primeiro ministro em 1953, foi substituído por Manley em 1957, no primeiro governo eleito pelo povo. Bustamente voltou ao poder passando-o mais tarde a Donald Sanger (1967), que foi quase imediatamente substituído por Hugh L. Shearer dos trabalhistas, Sherer contou com a ascensão Partido Político do Povo, que exaltava a negritude e a africanidade.

Após a vitória do Partido do Povo nas eleições de 1972, Michael N. Manley foi eleito primeiro ministro. Edward Seaga assumiu o posto em 1980, sendo reeleito em 1983. Sua política de austeridade provocou violentas manifestações do Partido do Povo nas eleições de 1972,Michael N. Manley foi eleito primeiro ministro. Edwaed Seaga assumiu o posto em 1983. Sua política de austeridade provocou violentas manifestações do Partido do Povo, que voltou ao poder nas eleições de 1989. Michael N. Manley enfrentou uma situação econômica difícil e iniciou a luta contra as drogas. Em março de 1992 foi substituído no cargo de primeiro ministro por seu companheiro de partido Percival Patterson. Nas eleições de Março de 1993 0 Partido do Povo venceu novamente, e Percival Patterson tornou-se primeiro ministro.

Turismo

A Jamaica pode ser visitada o ano todo, com as sempre recomendadas orações durante os meses de agosto, setembro e outubro, período propício aos furacões. Muita gente chega no comecinho de agosto, quando acontecem os grandes festivais de reggae, como o SumFest e o Sunsplash, com programações que duram até uma semana.

O reggae é um capítulo a parte.Um ritmo musical conhecido mundialmente uma síntese rítmica e melódica admirável, que sempre procurou mostrar ainda mais brilho nos poemas simples e bem cantados. Uma mistura de idéias libertárias e cenas de romance, picardia de rua com rasgos empolgados de adoração religiosa. A partir de 72, a música desses rapazes de cabelo grande começou a ganhar o mundo. E a Jamaica, que quase ninguém sabia onde ficava. virou vedete no mapa-múndi. Já faz muito tempo, o turismo é a segunda maior fonte de riquezas do país, atrás apenas da bauxita. Os cabeludos jamaicanos, outrora um problema para os agentes de turismo, hoje são cartão-postal.

Alugar um carro pode ser ótimo. Ou um inferno, conforme sua afeição à idéia de dirigir na contramão. Dá para contar com as minivans para circular pela ilha, mas é bom escolher as mais novinhas, perguntando antes ao motorista quantas pessoas ele pretende colocar na perua durante a jornada. Os táxis também fazem viagens de cidade para cidade, por valores a serem calma e cuidadosamente combinados antes de começar a jornada. As compras giram em torno das camisetas, especialmente as inspiradas no reggae e em Bob Marley. Em feiras de artesanato, como as de Montego Bay e Ocho Rios, há pinturas, esculturas em madeira e roupas bem originais, tudo bem em conta para quem sabe pechinchar. Não se esqueça de uma garrafa de licor Tia Maria e, claro, um pouco do café das Blue Mountains.

A moeda nacional é o dólar jamaicano. As verdinhas americanas, no entanto, são galhardamente aceitas em todo canto, mesmo quando as contas vêm em dólares jamaicanos.Não é preciso visto de entrada ou vacina. Ou mesmo exigências arcaicas, do tipo “quanto dinheiro você traz no bolso?” Mantenha sempre fácil o nome e o endereço do hotel onde você vai ficar, evitando perder tempo na chegada ao aeroporto. Para dirigir, basta ter sua Carteira de Habilitação em dia e o passaporte na mão ­ além de algum sangue-frio.

A rigor, o inglês. Mas os jamaicanos tem um jeito especialíssimo na utilização da língua de Shakespeare, com o requinte de utilização de palavras que só eles conhecem. O resultado, o chamado patois, é ininteligível até para alguns iniciados na variedade linguística do Caribe. Mas eles dizem “de”, em vez de “the”, ou “broder”, em vez de “brother”, e isso é mais fácil para nós.

Até algum tempo, a Jamaica era um dos países que mais investia no turismo. Com a crise econômica, o serviço piorou. Mas ainda dá para contar com a ajuda do Jamaican Tourist Board.

Em Kingston: 929-9200.

Em Montego Bay: 952-4425.

Em Ocho Rios: 974-2582.

Em Port Antonio: 993-3051.

E, finalmente, em Negril: 957-4243.

O que evitar

• Drogas, inclusive a marijuana, que apesar de fazer parte da cultura da Jamaica, é proibida por lei desde 1913.

• Freqüentar lugares ermos ou escuros, sem a companhia de um guia confiável

• Ir à praia sem protetor solar

• Pimenta na comida

• Estradas à noite

• Perder a paciência.

Fonte: Revista Turismo

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