E não é distração. Os aparelhos são usados em universidades dos EUA para ajudar no aprendizado
No campus da Georgia College & State University (GCSU), em Milledgeville, parece haver um novo tipo de material escolar: quase todos os estudantes da universidade americana usam botões brancos na orelha. São os fones de ouvido do aparelho da moda, o iPod. Mas o som que passa por eles raramente é dos sucessos musicais. Os estudantes têm ouvido, por exemplo, as palavras de Shakespeare em sua obra Ricardo III. A incomum utilização do aparelho de MP3 faz parte do programa: a GCSU foi a primeira universidade a utilizar iPods nos Estados Unidos.
Os professores da pequena universidade sulista utilizam o aparelho para ajudar no aprendizado. O professor de Política Hank Edmondson, conhecido entre os estudantes como ‘padrinho do iPod’, foi um dos primeiros. Há quatro anos, colocou suas aulas em arquivos de áudio na rede. Para a disciplina Guerra, Política e Shakespeare, os estudantes podem baixar discursos históricos de guerra ou passagens recitadas de obras de Shakespeare. Podem, ainda, escutar uma coletânea de músicas sobre o tema ‘paz’, que vai desde baladas da Guerra Civil Americana até melodias em homenagem aos mortos no atentado contra o World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. Seu colega Noland White reúne perguntas e respostas sobre sua aula em podcast. A reitora da universidade, Dorothy Leland, apóia a iniciativa: ‘Quanto mais tempo liberarmos para as discussões, mais eficientes ficarão os seminários’.
A GCSU tem, hoje, 40 projetos que usam o iPod. Mas os alunos ainda têm de assinar lista de presença
Outras faculdades americanas adotaram o método de aprendizado não-convencional. A respeitável Universidade de Duke, em Durham, na Carolina do Norte, chegou a emprestar iPods aos alunos do primeiro semestre. De acordo com uma pesquisa entre os estudantes, 60% utilizam o equipamento para aprender. A Apple, fabricante do iPod, promove essa tendência e iniciou projeto-piloto com seis universidades americanas. Numa página da rede intitulada iTunes U, os estudantes podem baixar seu material no próprio iTunes como se fosse música. Os jovens acadêmicos estão entusiasmados: ‘É como se a gente tivesse o professor sempre falando a nossos ouvidos’, diz Dan Schmit, da Universidade de Nebraska.
Os críticos alertam para essa ‘iPodificação’ das faculdades. De forma depreciativa, falam que se trata de ‘notáveis toca-fitas’ que permitem aos estudantes faltar às aulas tranqüilamente. ‘O aprendizado ocorre através de interação, discussão, perguntas críticas e investigação’, afirma Donna Qualters, diretora do Centro para Aprendizagem Efetiva na Northeastern University de Boston. ‘A gente tem de estar presente para vivenciar o aprendizado.’
Os responsáveis da GCSU não se sentem atingidos pelas críticas. A partir de 2002, aexperiência foi expandida. Hoje, há cerca de 40 projetos acadêmicos que utilizam o iPod na universidade. Não existe ‘nem um único projeto’ que simplesmente repita o que se passa na sala de aula, afirma o chefe de tecnologia, Jim Wolfgang. ‘Oferecemos apenas material complementar.’ Para evitar salas de aulas vazias, até mesmo o corpo docente inovador de Milledgeville confia no método convencional da época anterior ao iPod: lista de presença obrigatória. [Revista Época]
iPod na sala de aula
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