Cerca de 350 aposentados e pensionistas que freqüentam semanalmente as atividades do Centro de Convivência, vinculado ao Instituto de Previdência do Município (IPM), participam com entusiasmo dos sete cursos oferecidos pela instituição, de segunda a sexta. Escolinha, artesanato, reciclagem, crochê, coral, bandinha, dança de salão e alongamento. E o entusiasmo é o mesmo de quando estavam na ativa em suas profissões.
O Centro de Convivência ainda é uma novidade para os aposentados e pensionistas de João Pessoa, mas já é possível encontrar quem se diga veterana no espaço, como a professora de artes aposentada Ruth Honorato de Brito, 83 anos. “Estou participando desde o início. A criação desse espaço aqui foi uma grande idéia porque a gente só nota a importância disso quando é idoso. Vejo o bem que a Prefeitura de João Pessoa está fazendo a todos nós da terceira idade com esse espaço de convivência entre amigos”, disse.
Nova rotina
A rotina da aposentada era limitada à cochilos em frente à televisão e visitas à casa dos filhos casados. “Eu vivia dentro de casa e não sabia o que fazer dos meus dias. Vivia triste, assistia televisão até cochilar, porque a gente só vê mentiras”. A curiosidade por trabalhos manuais levou Ruth a participar desse espaço, onde integra a turmas de reciclagem em papel jornal.
A coordenadora do Centro de Convivência do IPM, Marta Rejane Sousa, ressalta que são estimulantes o entusiasmo e o envolvimento obtidos pelos aposentados e pensionistas. “Com esse projeto, pessoas que trabalharam 35 ou até 40 anos para a Prefeitura de João Pessoa voltaram a encontrar sentido na vida através de um conjunto de atividades integradas que objetivam fazer a inclusão deles à sociedade após a aposentadoria”, enfatizou.
No exercício diário do ensino-aprendizagem, a professora voluntária Arizoneide Fernandes de Araújo, que dedica horas de sua vida ao trabalho com a reciclagem, explica que a produção desenvolvida diariamente prima pela descoberta da feitura dos objetos, a aplicação de cores e sua funcionalidade, o que torna o trabalho muito participativo. “Discutimos desde o tipo de objeto trabalhado ao material que pode ser utilizado e das mãos de cada um vai nascendo a arte”, disse.
Dentre as 22 alunas, a também professora aposentada Mércia de Almeida Alves se diz uma das mais assíduas. “Trabalhava os três horários no serviço público e quando me aposentei cheguei a montar uma floricultura em casa. Adoro esse espaço e fico até com raiva quando acontecem feriados porque aqui a gente tem o convívio com as amigas, contamos anedotas e eu faço estripulias”, ressaltou. Dos cinco dias da semana, apenas a sexta-feira de Mércia é vivenciada em seu próprio lar. Nos outros dias, o local certo de encontrá-la é no Centro de Convivência.
Inclusão cidadã
O Instituto de Previdência Municipal (IPM) tem criado uma série de alternativas para abranger o atendimento aos aposentados e pensionistas. Há cerca de 15 dias, a primeira turma de alfabetização – com 17 pessoas da terceira idade entre 58 e 70 anos – concluiu a primeira etapa, que teve como meta o contato inicial com a leitura e a escrita.
Durante três dias na semana, os aposentados e pensionistas dedicaram duas horas livres à alfabetização. Com o recesso, a atividade será retomada no início do ano, com uma novidade: paralelo à segunda etapa dessa turma, será aberta uma outra para novos alunos.
Marta Rejane ressalta que nesse módulo inicial são realizados os primeiros contatos com a sala de aula, o desenvolvimento da coordenação motora e, principalmente, o incentivo à escrita e leitura.
Dentre as ações do IPM, a bandinha formada por aposentados e pensionistas também merece destaque por incentivar a prática da música e ao mesmo aproveitar esses potenciais para comemorações nas próprias residências dos aposentados aniversariantes.
Por mês são feitas de 70 a 100 visitas, com direito ao tradicional Parabéns a você, além de ritmos populares como o forró e a MPB. Para dar conta do recado, os integrantes aprendem a tocar instrumentos como violão, pandeiro, atabaque, cavaquinho e ensaiam constantemente. Paralelo à bandinha, o Coral do IPM incentiva através do canto a participação das pessoas da terceira idade nesse aspecto da música.
Redação, com Secom-JP