Equipes do Corpo de Bombeiros mantêm nesta quinta-feira as buscas ao office-boy Cícero da Silva, 58, que desapareceu na área do desabamento do canteiro de obras da estação Pinheiros do metrô (zona oeste de São Paulo). Ele foi visto pela última vez no dia 12, mesmo dia do acidente.
A Polícia Civil, que investigava o paradeiro de Silva, admitiu na quarta-feira (24) que ele pode estar sob os escombros. Segundo o delegado Domingos Paulo Neto, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o depoimento de uma testemunha que trabalha no edifício Passareli foi crucial para identificar os últimos passos da vítima.
"Essa pessoa confirmou o encontro com Cícero e lhe entregou um cheque para pagamento, que não foi descontado. Ao voltar para o edifício, a testemunha parou na portaria e percebeu a movimentação de pessoas correndo. Minutos depois ocorreu o acidente", disse o delegado.
Seis corpos foram retirados dos escombros. No último fim de semana, duas cadelas farejadoras dos bombeiros apontaram a possibilidade de mais uma vítima soterrada.
As buscas se concentram cerca de cinco metros abaixo do local onde estava o microônibus que foi engolido pela cratera quatro pessoas estavam no veículo. A expectativa é que as escavações e a retirada da terra ocorra até o próximo fim de semana.
Telefonemas
Para descobrir o paradeiro de Silva, a polícia rastreou as ligações de dois celulares que ele usava. No dia do acidente ele saiu de Perdizes (zona oeste), onde morava, entre 9h e 9h30 sem dizer a família aonde ia. Às 13h, manteve contato com comerciantes da avenida Alfonso Bovero. Eles disseram que Silva ia para Pinheiros.
Às 13h25 ele recebeu uma ligação que durou 27 segundos, captada pela ERB (Estação Rádio-Base) da rua Cotoxó, na qual comentou com o interlocutor que iria para Pinheiros. Pouco depois, encontrou um amigo em um ônibus que fazia linha Perdizes – Sacomã. Ele desceu em um ponto de ônibus da avenida Doutor Arnaldo falou que a um conhecido que iria para Pinheiros. Uma outra testemunha também disse que ele iria para o bairro.
Indenização
Foi firmado na quarta-feira o primeiro acordo para pagamento de indenização a uma pessoa morta no desabamento. O acordo beneficia os três filhos dois gêmeos de 11 anos e uma jovem de 18 da bacharel em direito Valéria Alves Marmit, 37.
Entre as seis pessoas mortas no acidente, os parentes de Marmit foram os únicos a utilizar a Defensoria Pública de São Paulo. Os demais têm advogados particulares e, por isso, não há previsão de acordo.
O montante não foi divulgado por questões de segurança e para preservar a privacidade de família, segundo a Secretaria Estadual de Justiça de São Paulo. O acordo inclui uma quantia referente a danos morais e a lucros cessantes um cálculo estimado dos ganhos mensais que Marmit teria e de quantos anos ela ainda viveria.
Folha Online