Os fundadores da Igreja Renascer em Cristo, Estevam e Sônia Hernandes, foram liberados pela polícia federal dos Estados Unidos (FBI) após pagarem fiança no valor de US$ 100 mil, segundo informações do consulado americano. Ele foram presos ontem pela Polícia de Imigração no Aeroporto Internacional de Miami, nos EUA, por tentar entrar no país com US$ 56,5 mil em dinheiro vivo.
Ao chegar à Flórida, o casal declarou na alfândega que levava US$ 10 mil, limite permitido pela lei americana – mas foi descoberto ao ser chamado para abrir as malas. Durante revista na bagagem, os policiais encontraram notas espalhadas por bolsos, fundos falsos e até US$ 9 mil escondidos dentro de uma Bíblia.
Em interrogatório feito ainda no aeroporto, Estevam Hernandes assumiu a culpa por tentar entrar no país com US$ 56,5 mil em dinheiro vivo e disse que sua mulher não sabia do conteúdo das malas. Ele chegou a ser detido por falsificação de documento público, mas foi liberado após pagamento da fiança. Sônia Hernandes foi liberada horas depois de ser ouvida.
A prisão de Estevam e Sônia Hernandes fora do Brasil deve complicar a situação do casal também diante da Justiça brasileira. O Estado apurou que promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) usaram ofício encaminhado pela polícia americana ao Ministério Público de São Paulo detalhando a ocorrência para pedir, mais uma vez, a prisão preventiva do casal ao juiz titular da 1ª Vara Criminal de São Paulo, Paulo Antônio Rossi.
Os promotores alegam que a prisão mostra que mesmo estando com bens e contas bancárias bloqueados desde setembro do ano passado – por decisão do juiz da 1ª Vara Criminal -, o casal continua praticando crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas e pode fugir do País. O juiz Antonio Paulo Rossi deve decidir nos próximos dias se acata o pedido do Ministério Público.
Alerta azul
Os Hernandes embarcaram para Miami na segunda-feira, às 23h25, no vôo JJ 8100. Ao chegar à Florida, às 4h30 de ontem, chamaram a atenção da polícia americana porque estão marcados com o “alerta azul”, lista do FBI formada por pessoas que não são impedidas de viajar, mas respondem a processos acompanhados pela polícia americana. O FBI já trabalhava em conjunto com os promotores brasileiros nas investigações para rastrear o dinheiro arrecadado pelos bispos entre fiéis da Igreja Renascer.
O advogado dos Hernandes, Luiz Flávio Borges DUrso, afirmou que a prisão foi um engano. “Eles chegaram a Miami com os dois filhos e três netos. Esqueceram de fazer uma declaração para cada um e fizeram apenas três. Então foram impedidos de entrar no país”, disse.
Habeas-corpus
A prisão nos Estados Unidos dos criadores da segunda maior denominação neopentecostal brasileira em número de templos – são mais de 1.500, espalhados pelo Brasil e outros seis países – aconteceu apenas 22 dias depois que eles conseguiram no Superior Tribunal de Justiça (STJ) uma liminar em habeas-corpus que lhes garantiu o direito de responder em liberdade ao processo a que respondem por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e estelionato.
A liminar cassou prisão preventiva decretada pela 1 ª Vara de Justiça Criminal porque o casal faltou a uma audiência do processo, em novembro. Durante 23 dias, até conseguir a liminar, os bispos ficaram foragidos e foram procurados por equipes do departamento de capturas da Polícia Civil em três Estados brasileiros e em Miami.
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