Cotidiano

Alunos do primeiro vestibular indígena já começaram a estudar na UnB

None

Uma parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) possibilitou a realização do primeiro vestibular com vagas específicas para indígenas, já que as outras universidades do país que destinam vagas a este grupo étnico o fazem por meio de cotas. Quinze alunos foram aprovados na UnB, e 12 deles iniciaram as aulas nesta semana. As vagas foram disputadas por 1.183 inscritos de todo o país, nos cursos de medicina, enfermagem e obstetrícia, ciências biológicas, nutrição e ciências farmacêuticas.

O convênio, assinado em 2004 e com duração de dez anos, vai formar cem índios. Em 2005, alunos indígenas foram transferidos de universidades particulares do Distrito Federal. A partir deste ano, o acesso será definido em exame vestibular, com matérias normais e uma parte específica, com questões referentes à causa indígena.

“O projeto trabalha com o conceito de autonomia dos índios, com a formação de profissionais para atuar nas comunidades”, diz Neide Martins Siqueira, coordenadora de apoio pedagógico da Coordenação Geral de Educação da Funai.

Durante o curso, os alunos desenvolverão projetos ligados às suas comunidades, o que será facilitado pelo conhecimento da cultura e especificidades de cada uma. Além disso, assinam uma carta de compromisso em que se comprometem a retornar às suas comunidades e desenvolver projetos ao fim de sua formação acadêmica.

O convênio prevê o acompanhamento dos alunos. A UnB dará assistência pedagógica e a Funai, apoio financeiro, segundo a necessidade de cada aluno. Os estudantes terão estada, alimentação e material didático garantidos. Segundo Neide, a Funai quer ampliar a parceria com outras universidades para aumentar o acesso da comunidade indígena ao ensino superior.

Aprovados – Os aprovados representam diversas etnias. Dos macuxis, em Roraima, foram duas aprovadas, uma em medicina (primeiro lugar) e outra em nutrição. De Pernambuco, um aprovado em medicina da etnia Aticum. Dois pataxós da Bahia, dois barés, um mundurucu e um baniua do Amazonas e um tupiniquim (Espírito Santo) completam a lista dos aprovados. Jocinaldo Silva, 28 anos, passou em medicina. Natural de Salgueiro (Pernambuco), cresceu vendo a dificuldade da comunidade com os médicos. “Os médicos ficam pouco tempo, tinham dificuldade de adaptação”, explica.

Ele estudou em escola pública mas sofreu com interrupções por falta de escola na comunidade. Concluiu o ensino médio em 2003 e começou a cursar matemática numa faculdade privada. “A matemática foi o possível, a medicina é o sonho”, diz o índio aticum, que lecionava matemática na escola municipal Professor José Mendes, em Salgueiro.

“As vagas ajudarão a reduzir a exclusão dos índios das universidades, mesmo que não sejam a solução definitiva”, acredita Jocinaldo. Ele quer se formar e voltar à comunidade para devolver a chance recebida, trabalhando, também, com desenvolvimento social. Ele afirma que está preparado para alguma rejeição, já que o assunto cotas e reservas de vagas é polêmico. “Já enfrentei preconceito em outras situações, mas não me abala”, diz Jocinaldo, que acredita que a forma de superar a desconfiança é demonstrando ter mérito e capacidade.

[E-Learning Brasil]

COMPARTILHE

Bombando em Cotidiano

1

Cotidiano

Coletivo protesta contra aumento da passagem de ônibus em João Pessoa, com ações na Lagoa e UFPB

2

Cotidiano

INSS volta a exigir a prova de vida em 2025; entenda como funciona

3

Cotidiano

Filtros do Instagram acabam amanhã: saiba como salvar seus efeitos

4

Cotidiano

FOTOS e VÍDEOS: João Pessoa tem trânsito lento e ‘dia de caos’ em trecho da BR-230

5

Cotidiano

Acidente deixa trânsito lento na BR-230, na Grande João Pessoa