Cotidiano

Acre investe no turismo para gerar emprego e renda

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Rio Branco, Porto Acre e Xapuri vão compor a primeira rota turística do Acre que estará sendo apresentada com destaque para todo o Brasil durante o Salão de Turismo, na primeira semana de junho, em São Paulo. Nela os pontos históricos e as belezas naturais do Acre estarão sendo incluídos nos pacotes turísticos que são oferecidos pelas agências de turismo de todo o Brasil.

Representantes das secretarias de Turismo e dos Sebraes de todo o Brasil, mais técnicos e consultores do Ministério do Turismo e Embratur, estiveram reunidos em Rio Branco e conheceram os principais atrativos turísticos de Xapuri durante esta quinta e sexta-feira. A visita teve como objetivo verificar a qualidade nos serviços de atendimento ao turista em hotéis e restaurantes, bem como na orientação que recebiam dos guias em cada ponto visitado.

Foi a terceira visita técnica do projeto da Rede de Cooperação Técnica de Roteirização do Brasil, que está sendo promovido pelo Ministério do Turismo e Embratur em todo o Brasil onde o Acre está servindo de modelos para a nova sistemática de turismo que se quer implantar para a Amazônia. No Acre o projeto é coordenado pela Secretaria Estadual de Planejamento através da Secretaria de Turismo, que trabalha em parceria com o Sebrae.

Rotas do Acre

Durante esse trabalho de levantamento dos potenciais turísticos acreanos, três rotas foram esboçadas para sua exploração temática. A primeira seria os Caminhos da Revolução, passando por Rio Branco, Porto Acre e Bujari. Os caminhos de Chico Mendes, partindo de Rio Branco passando por senador Guiomard, Capixaba e Xapuri.

Por fim os Caminhos do Pacífico que incluem Rio Branco, Senador Guiomard, Capixaba, Xapuri, Epitaciolândia, Brasiléia e Assis Brasil, de onde os turistas têm acesso a Iñapari, no Peru, passando pela Ponte da Integração.

Todas as rotas partem de Rio Branco, por onde a maior parte dos turistas chegará começando suas visitas pelos atrativos da capital, seguindo depois para o interior. Das três rotas, a primeira que está sendo ativada é a que passa por Rio Branco a Porto Acre e Xapuri.

Mas para que tudo isso se torne realidade, além da infra-estrutura de pousadas e restaurantes que estão sendo montadas, Setur e Sebrae estão realizando treinamentos e cursos com proprietários e trabalhadores dos hotéis, bares e restaurantes localizados ao longo das estradas que dão acesso aos pontos turísticos, a fim de que eles possam oferecer um bom atendimento aos visitantes, que ficarão motivados a voltar mais vezes.

Caminhos do Brasil

O turismo é hoje a terceira maior indústria do mundo, gerando mais renda e emprego que a grande maioria das empresas instaladas em qualquer país. Adriana Girão a gestora do projeto de turismo para a região norte pelo convênio do Ministério do Turismo com o Sebrae acompanhou a visita técnica desta última semana.

O objetivo desse trabalho é capacitar técnicos das secretarias de Turismo e do Sebrae de todos os estados a fim de aprendam a vender bem aos turistas o potencial natural, histórico e cultural que oferecem suas regiões.

A história desde seu início revolucionário passando pela fase da borracha até chegarmos ao também revolucionário Chico Mendes e a Florestania, os quais, criam por si mesmos um atrativo diferenciado, ao qual se soma a vantagem da abertura da estrada para o Pacífico através da qual pretendemos atrair turistas estrangeiros para conhecer a Amazônia, como também, canalizar a saída dos brasileiros por aqui. E o Acre deve ser o maior beneficiado com isso”. Explicou Adriana Girão.

As agências Kampa e Nilce’s Tur começaram a oferecer a primeira rota turística do Acre para o Brasil durante Encontro de Negócios da Braztoa, entidade que agrega as principais agências de turismo do Brasil. O encontro aconteceu em São Paulo nos dias 29 e 30 de março e serviu como palco preparatório para o Salão do Turismo : Roteiros do Brasil que acontecerá em junho, também em São Paulo.

Guias acreanas acompanham os visitantes

Os visitantes tiveram a sorte de ser guiados por duas alunas do curso Técnico em Turismo Regional pelo Centro Educacional Profissional Campos Pereira. Durante os passeios, os visitantes foram divididos em dois grupos que recebiam das guias informações sobre a importância histórica, social e cultural de cada local visitado.

A visita começou pelo Museu do Xapury, antiga prefeitura da cidade. No hall de entrada estão expostos painéis que contam detalhes da história da cidade, da Revolução Acreana e sobre os ciclos da castanha e da borracha. Na parte interna são expostos equipamentos utilizados pelos seringueiros, casas comerciais, armas da revolução e até móveis e utensílios domésticos típicos da época. A um lado da sala está uma estátua de bronze do sindicalista Chico Mendes, ao lado da qual os turistas gostam de posar para uma fotografia ao lado daquele que se destacou como líder mundial na defesa do meio ambiente.

Em seguida, os visitantes saíram em caminhada pela rua principal da cidade com parada na Casa Branca, antiga Intendência do governo da Bolívia, onde hoje funciona um museu com peças da revolução, seguiram pelas antigas casas comerciais onde aconteciam os negócios no tempo em que a borracha era o ouro negro. As fachadas restauradas e pintadas com cores vivas emolduradas por mangueiras que sombreiam toda a rua, causaram admiração aos visitantes.

Caminhando mais um pouco chegaram a casa onde viveu e foi assassinado Chico Mendes. Ali muitos se emocionaram, teve quem chagasse às lágrimas, ao ver a simplicidade da morada e principalmente ao ouvir o relato sobre os últimos momentos que marcaram o fim de sua vida. Mais emoções surpreenderam os visitantes ao ver na Fundação Chico Mendes os objetos pessoais de Chico, inclusive a toalha de banho ainda manchada pelo seu sangue. Na sala memória da fundação estão expostas as medalhas e condecorações concedidas pelo mundo inteiro ao sindicalista pela sua luta em defesa dos seringueiros e do meio ambiente.

Parte do Grupo pernoitou na Pousada dos Xapurys e outra na Pausada do Italiano, para partir pela manhã visitando o Pólo Moveleiro e o Seringal Cachoeira onde puderam ver as obras de construção da pousada e caminhar por uma das trilhas pelas quais serão conduzidos os turistas que visitarem a área. Guiados na trilha pelo seringueiro Sebastião Teixeira Mendes, 61 anos, 4 filhos, primo do sindicalista Chico Mendes, eles puderam ver como é extraído o leite da seringueira, quebrar os ouricos para tirar as castanhas e comê-las ali mesmo fresquinhas. Beberam água de taboca e puderam admirar uma castanheira tão grande que são necessários sete homens para abraçar seu tronco. Almoçaram ali e de lá voltaram para Rio Branco.

Teste de fogo

Para Paula Faglia Araújo de Oliveira, 23 anos, que já trabalha como guia aos turistas que visitam o Palácio Rio Branco, o desafio foi fazer o mesmo num ambiente aberto e de história tão ampla como é o caso de Xapuri e o seringal Chico Mendes. “Guiar turistas por Xapuri é bem diferente de guiá-los pelo Palácio Rio Branco porque aqui temos uma cidade inteira, os visitantes fazem perguntas sobre os pontos históricos, mas também sobre o modo de vida da população, os costumes, então a gente precisa ter uma noção geral da história e cultura dessa comunidade.”

Já Kátia Núbia Guedes da Costa, 24, que dividiu com Paula a responsabilidade de ciceronear os turistas, no seu dia-a-dia trabalha como secretária da Funtac e ainda faz o curso de tecnologia em turismo da Universidade Norte do Paraná (Unopar).

“Isso está sendo uma oportunidade e um desafio para mim, pois, embora conheça teoricamente os passos a serem dados pelos turistas, agora estou vivendo uma situação prática. A diferença é que algumas dessas pessoas estão entre as que melhor conhecem o turismo no Brasil e isso aumenta ainda mais o desafio”, afirmou.

De seringueiro a guia ecoturístico

Sebastião Teixeira Mendes, 61, vive no seringal Cachoeira desde os sete anos de idade. É primo-irmão do sindicalista Chico Mendes, criado com ele ali na colocação Fazendinha, hoje sede do seringal. “Quando a gente chegou aqui este seringal ainda era chamado Mucuripe, a colocação em que estava o barracão do patrão é que se chamava Cachoeira, nome pelo qual o seringal passou a ser conhecido a partir de 1970”, esclarece ele aos turistas enquanto os guia prazeirosamente pela mata por entre seringueiras, castanheiras e mostra vez ou outra plantas medicinais comumente usadas pelos seringueiros em suas emergências.

Ele depois explica a razão de deixar seus afazeres e atender os turistas com tanta presteza. “Uma das vantagens é de que esse pessoal vem aqui visitar a mata, come e faze compras deixando dinheiro aqui para nós. Com isso a gente tem como produzir outros objetos e vamos melhorando nossa vida sem ter de sacrificar a mata com as derrubadas. Tudo isso a gente deve ao Chico Mendes, que abriu nossos olhos e liderou nossa luta contra os fazendeiros que comprarem este seringal e queriam botar tudo no chão. Agora a gente sai ganhando dinheiro com a mata em pé”, comenta.

Novas rotas do Brasil

O jornalista José de Freitas Ornelas é especista em consultoria de marketing e atua como consultor de mercado para o projeto de Turismo do Sebrae do Acre. E através da empresa espanhola Chias Marketing contratada pela Embratur para elaborar o Plano de Marketing Internacional do Turismo do Brasil. A empresa também, criou a Marca Brasil denominado Plano Aquarela, ou Programa Cores do Brasil, pelo Ministério do Turismo.

Nesse trabalho foram diagnosticados 116 novos roteiros de turismo para todo o Brasil, mas apenas 81 deles foram classificados por seu potencial para receber visitantes, dentre eles a rota do Vale do Acre é a única da região norte.

“Nosso trabalho aqui no Acre é o de traçar um plano e estratégias para conquistar novos mercados através do relacionamento com agências de todo o Brasil, ou fora dele, já que serão essas agências que irão oferecer este nosso produto aos turistas. Nesta semana já tivemos as agências Nilces Tur e Kampa turismo vendendo o primeiro pacote turístico do Acre no Encontro de Negócios da Braztoa, em São Paulo”. Explica Ornelas.

Embora o nome de Chico Mendes e a causa da preservação ambiental tenha garantido destaque para o Acre no plano dos noticiários nacionais e internacionais, seu potencial turístico ainda é praticamente desconhecido lá fora. “A não ser pela questão ambiental, o Acre é pouco conhecido, e nós precisamos divulgar bem os atrativos da paisagem, histórias e costumes tipicamente acreanos para atrair aqueles visitantes. Mas não tenho dúvidas de que sua primeira apresentação na Brastoa ganhou destaque positivo, pois nossas agências levaram um farto material produzido pela Setur e Seplands com folderes explicativos e CD-room com uma apresentação muito boa das belezas e da riqueza natural do Acre”.

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