Cotidiano

Achado no País o menor vertebrado terrestre

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O pesquisador Luiz Fernando Ribeiro deve ter o trabalho de cinco anos coroado em junho, quando a revista americana Herpetologica publicar a descoberta de duas espécies de anfíbios da família Brachycephalidae, que só existem na mata atlântica e se distribuem do Espírito Santo ao Paraná. É o grupo dos menores vertebrados terrestres do mundo, medindo entre 8 e 18 milímetros. Os sapinhos adultos achados em morros da Serra do Mar paranaense têm 10 a 12 milímetros.

No ano passado, o Boletim do Museu Nacional, do Rio, já havia publicado a descoberta, feita por ele, de outras duas espécies do mesmo gênero (Brachycephalus brunneus e B. izecksohni). As novas são as espécies B. ferruginis e B. pombali. “Todas são endêmicas no Paraná”, explica o pesquisador, que é professor de Genética na Universidade Tuiuti.

Hoje já são conhecidas dez espécies da família Brachycephalidae. Ribeiro utilizou a pesquisa sobre os “sapinhos da montanha”, como os chama, para sua tese de doutorado na Unicamp. “E podem existir outras”, diz. De fato, a família apresenta uma taxa alta de especiação. “Tem espécie nova para todo lado que se olha”, diz o herpetólogo Hussam Zaher, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo.

Suas pesquisas concentraram-se nos morros Marumbi, Caratuva, Serra da Prata e Serra da Igreja. Os animaizinhos têm seu hábitat em altitudes que variam de 1.000 a 1.800 metros, vivendo no chão da floresta, entre folhas e galhos. Apesar do tamanho, suas cores são vivas e marcantes, como o amarelo, laranja, vermelho e marrom. Diferente da maioria dos anfíbios, têm hábitos diurnos, preferem a baixa temperatura e andam mais do que pulam.

Em relação à reprodução, ao contrário dos demais anfíbios, não precisam de um ambiente aquático. O macho provoca a ovulação da fêmea e, só depois dos ovos liberados, faz a fecundação.

Também diferente da maioria dos anfíbios, não há a fase de girino – os indivíduos já nascem formados do ovo. Eles se alimentam de pequenos insetos, aranhas, ácaros e larvas.

PRESERVAR O QUE SOBROU

Ribeiro aproveita suas pesquisas para mais um apelo pela preservação da mata atlântica. “É preciso conservar o que restou”, pede. Os animais que ele encontrou estão em locais, por enquanto, de difícil acesso. “Mas são espécies frágeis, e só existem aqui.”

Segundo ele, a primeira espécie do gênero descoberta no Paraná, em 1998, pela pesquisadora Eloísa Wistuba – e que motivou suas pesquisas -, o Brachycephalus pernix, já está na lista paranaense de animais ameaçados de extinção, porque o Morro do Anhangava, seu hábitat, fica em Quatro Barras, perto de Curitiba, e é muito visitado.

Segundo Ribeiro, o trabalho ainda é o de descrição das espécies, mas pode haver mais estudos sobre aspectos ecológicos e de biologia geral dos animais. “No futuro, algumas substâncias podem reverter em benefício do homem.”

[O Estado de S. Paulo]

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