O governo federal está determinado em reduzir o número de empregados terceirizados e contratações sem concursos no poder público. Por isso, nos próximos anos, uma grande quantidade de concursos públicos, para a seleção de funcionários permanentes, deve ser realizada. Neste ano, somente no Executivo federal (ministérios e agências reguladoras) 28,7 mil vagas devem ser abertas, um crescimento superior a 30% em relação ao ano passado.
Segundo o Ministério do Planejamento, entre as vagas do Poder Executivo com concurso previsto para este ano, os salários iniciais variam de R$ 1,3 mil a R$ 7,1 mil. Entretanto, além das vagas em ministérios e agências reguladoras, o Orçamento federal de 2007 prevê 799 postos de trabalho no Legislativo (Câmara, Senado e Tribunal de Contas da União) e a contratação de quase 15 mil pessoas no Poder Judiciário.
De olho no aumento do número de vagas e na estabilidade que o serviço público oferece, milhões de brasileiros buscam oportunidades nos serviços públicos federal, estadual e municipal. Para conquistar um cargo, vale de tudo: deixar o emprego para estudar para concursos, fazer jornada dupla de trabalho e estudo, fazer cursinho e até comprar apostila para estudar sozinho.
Processo democrático
Nos últimos anos, os chamados cargos em comissão (contratações sem concurso) têm perdido espaço para servidores concursados. O diretor de formação profissional da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Paulo Sérgio de Carvalho, ressalta que, por mais que não se concorde com os critérios de elaboração das provas de concurso, o processo é baseado em mérito, ao contrário dos cargos em comissão, em que o indicado geralmente deve o emprego a um favor de alguém.
Esse caráter democrático dos processos seletivos se reflete também em iniciativas de oportunidades iguais para profissionais de meia idade, que geralmente têm dificuldade de recolocação profissional, e para deficientes físicos. Em várias provas, 5% das vagas são destinados a portadores de deficiência, enquanto algumas seleções dão pontuação extra para pessoas acima de 50 anos, em caso de desempate.
A opção pelo setor público reflete as vantagens que só um emprego estatal oferece. De acordo com professores de cursinho e funcionários públicos ouvidos pelo G1, uma pessoa pode receber, em um cargo público, salário de até R$ 3 mil sem ter cursado uma universidade, o que é raro na área privada. Além disso, o setor público não faz demissões por falta de dinheiro, o que garante ao trabalhador uma tranqüilidade financeira maior.
Emprego dos sonhos
Entretanto, chegar ao emprego dos sonhos, com estabilidade e bom salário, não é uma tarefa fácil. Em alguns concursos, a concorrência chega a mil candidatos para cada vaga. Na área jurídica, que tem um grande número de profissionais que buscam cargos públicos, a média de tempo de estudo antes do sucesso em processos seletivos é de dois anos, segundo Wander Garcia, diretor acadêmico do Complexo Jurídico Damásio de Jesus, de São Paulo.
Para passar em um concurso público, é necessário comprometimento. A média de dedicação para a aprovação em concursos da área jurídica é de dois anos. O aluno pode até trabalhar ao mesmo tempo em que estuda, mas é preciso ter muita disciplina. A pessoa tem de se comprometer com um certo número de horas de estudo ao dia para ter sucesso, ressalta Garcia.
G1