O ex-governador paulista José Serra deixou a Paraíba com a mesma impressão que tinha, antes de chegar, quanto à situação do PSDB local. Viu de perto o que muitos já haviam lhe dito: o partido continua rachado ao meio. E a causa da divisão, novamente, é o governador Ricardo Coutinho.
Aliado de RC e principal responsável por sua vitória nas eleições de 2010, quando também se elegeu senador da República, o ex-governador Cássio Cunha Lima se recusa a assumir publicamente apoio à pré-candidatura do senador e presidente do seu partido, Cícero Lucena, a prefeito de João Pessoa em 2012. Para evitar o confronto direto, Cássio diz apenas que não é hora de tratar do assunto.
E não é só isso. Até o comando do PSDB ele vem tentando tirar de Cícero. Dizem as más línguas, que seria para estender à Capital, em 2012, a aliança celebrada com o socialista nas eleições estaduais.
Mesmo ciente do clima, que certamente o deixou desconfortável e até constrangido, Serra prometeu arregaçar as mangas para reunificar o PSDB. O problema é saber como. Cícero já fez de tudo, nada recebeu em troca. Cássio não quer nem ouvir falar em romper com RC. E nem pode, porque teria que abdicar dos cargos e gratificações que seus aliados recebem no Estado. E não são poucos.
Cássio só poderia pensar em virar oposição após assumir o mandato de senador. Seria, nesse caso, o pontapé inicial de sua campanha em direção ao Palácio da Redenção em 2014, projeto que o ex-governador não esconde de ninguém.
Sem mandato, Cássio não tem munição para enfrentar RC. Nem condições de ficar ao lado de Cícero, se redimindo de erros do passado. Portanto, se Serra quer mesmo ajudar, deve lutar para que Cássio assuma o Senado. O quanto antes.