Nilvan

O STF, Cássio, Cícero e Maranhão

Não acredito na tese de que o Supremo Tribunal Federal decida por eleições indiretas na Paraíba, mas, venho ouvindo alguns […]

Não acredito na tese de que o Supremo Tribunal Federal decida por eleições indiretas na Paraíba, mas, venho ouvindo alguns comentários sobre o assunto e decidi me reportar mais uma vez sobre ele.

Pois bem. Você já imaginou o muído que causaria no nosso estado, caso o Supremo Tribunal Federal decidisse a favor da realização de eleições indiretas? É isso mesmo. E, eleições indiretas, neste caso específico, significa que um governador seria escolhido pelos trinta e seis deputados estaduais que hoje ocupam a Assembléia Legislativa. Esse escolhido seria o principal mandatário da Paraíba até a posse do nome que for considerado vencedor nas eleições de outubro próximo.

Até aí tudo certinho. Tudo certinho nada! Acontece que uma decisão como esta mudaria completamente o atual tabuleiro político. Eu explico a minha afirmação.

Pelos atuais embates que estão sendo travados na Assembléia Legislativa e fora dela, posso dizer que lá existem três grupos: Maranhistas, Cassistas e Ciceristas.

Maranhistas X Cassistas

Vamos imaginar que tenhamos dois candidatos: o próprio governador Maranhão e outro que represente o grupo ligado ao ex-governador Cássio Cunha Lima. Até aí seria um cenário sem maiores problemas para os cassistas, mas, que pode ter turbulências, pois, Maranhão não hesitaria em ampliar o seu leque, na intenção de construir uma aliança que pudesse lhe proporcionar uma base mais significativa.

E se Cícero entrar na disputa?

E se não tivermos somente dois candidatos? E se o senador Cícero Lucena decidir lançar também o seu nome nessa disputa? O meio de campo fica ou não embolado? Lembremos que Cícero tem, indiscutivelmente, quatro fortes aliados na Assembléia Legislativa: João Gonçalves, Ruy Carneiro, Fabiano Lucena e Dunga Junior, este último que o pai, Carlos Dunga, pode ser beneficiado, assumindo a vaga de senador por seis anos, pois é o suplente de Cícero.

Um cenário mais nebuloso para os cassistas: o pesadelo de 2002.

E se, para não entregar novamente o governo ao grupo Cunha Lima, pela dificuldade de obter a maioria necessária na hora da escolha, o governador Maranhão optar pelo nome de Cícero Lucena? Tudo pode acontecer e a própria história registra que Maranhão já teve uma iniciativa idêntica nas eleições de 2002, oportunidade em que o “caboclinho” preferiu manter-se fiel ao grupo Cunha Lima, votando em Cássio para governador.

Analistas já fazem as contas na ponta do lápis.

Na atual conjuntura, a situação sabe que conta com 16 votos. A oposição tem 20. Para ser mais prático, a oposição com Cícero pode contar com os mesmos 20 votos. Sem Cícero, só fica com 16 e empata com Maranhão, que pode vencer a indicação pelo critério da idade. Se Maranhão entender que precisa de uma aliança com Cícero, os dois, juntos, conquistam 20 votos e sepultam o desejo dos cassistas de conquistar novamente o poder.

Apenas conjecturas que abrem possibilidades.

Podemos até ficar abismados com essas avaliações, mas, na verdade, já estão sendo comentadas nos bastidores, caso a decisão do Supremo Tribunal Federal seja pela realização de eleições indiretas.

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