Uma frase me chamou bastante a atenção durante a pré-convenção dos DEM, realizada na manhã desta segunda-feira, 14, aqui na capital. E o detalhe pertence ao discurso proferido pelo prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho, candidato ao governo do estado, pelo PSB.
Ricardo, desbravando mais uma vez o discurso do “novo” adotou a linguagem de que é um político “leal” e sempre costuma ser “correto” com os aliados, com os parceiros políticos.
Tenham santa paciência. Talvez quem não conheça os aspectos recentes da nossa política deixe passar despercebida essa afirmação do prefeito pessoense. Coisa que não acontecerá com aqueles que tenham o mínimo de atenção à intimidade dos fatos, dos acontecimentos.
Ricardo não é a pessoa mais indicada para falar de lealdade. De jeito nenhum e sob nenhum argumento. Afinal, ele já soma um leque considerável de antigos parceiros que correm com medo de sua lealdade como o cão foge da cruz. E não estou exagerando.
O prefeito de João Pessoa já coleciona atos de deslealdade, por exemplo, contra o atual presidente da Câmara, o vereador Durval Ferreira, que sempre foi um aliado correto, facilitando e intermediando a aprovação de matérias importantes para o sucesso da administração municipal.
Ricardo não levou nada disso em consideração e fez de tudo para impedir a sua reeleição, articulando nos bastidores, incentivando alguns rebeldes, tentando minar Durval e o seu projeto de permanecer como presidente da mesa. E haja "fidelidade" e demonstração de afeto aos aliados.
Outro fato interessante é exatamente em relação ao relacionamento de Ricardo Coutinho e o atual governador José Maranhão. Todo mundo sabe que o PMDB foi essencial, indispensável no processo político que culminou com a vitória do “girassol”, aqui em João Pessoa, nas eleições de 2004. Maranhão votou e seu grupo inteiro se empenhou na campanha eleitoral.
Não deu outra: Ricardo deu migalhas ao partido e nem o direito de indicar o candidato a vice-prefeito foi respeitado nas eleições de 2008. E haja "atitudes" leais em relação aos aliados de primeira hora.
Foi assim também com Nadja Palitot, que entregou o PSB de mão beijada, para que Ricardo pudesse ter uma sigla com respaldo para tocar o seu projeto político aqui no nosso estado.
O final dessa história todo mundo já conhece: Nadja foi escurraçada do partido, obrigada a abandonar a legenda por falta de espaço e ainda corre o risco de ter a condição de suplente ameaçada, devido a um processo de infidelidade que está sendo movido, na Justiça Eleitoral, pelo PSB e outros suplentes. É mais um exemplo dos costumes de "fidelidade" que Ricardo pratica com os que lhe estendem a mão.
Dito isto, não consigo entender como alguns políticos conseguem enxergar a mínima condição de praticar lealdade por parte do prefeito Ricardo Coutinho. As vítimas estão aí para relatar os episódios.
É difícil acreditar que Ricardo, caso eleito governador da Paraíba, abdique do direito à reeleição para que Cássio retorne ao Palácio da Redenção em 2014. Mais difícil ainda é crer que Ricardo, caso eleito governador, exercite alguma vontade política de eleger alguém ligado a Cássio para governar João Pessoa nas eleições de 2012.
Os fatos estão colocados e tomara que eles não sirvam para aumentar as estatísticas de traições que estão em moda na política paraibana.
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