Não é muito difícil de entender o que projeta o governador José Maranhão quando diz que não pretende extinguir de uma vez por todas o Tribunal de Contas dos Municípios, motivo de muita controvérsia, envolvendo a administração estadual passada.
Maranhão usou todas as suas forças durante o ano passado para enfraquecer o intuito de instalar o TCM na Paraíba. Colocou sua bancada para descaracterizar a idéia, já prevista na constituição do estado, mobilizou parte da imprensa que lhe dava respaldo, e articulou segmentos organizados no movimento social para também desmoralizar a intenção dos governistas à época.
Cássio e seus aliados, ao que parece, não conseguiram decifrar o jogo, pois pensaram que aquele mandato seria cumprido na íntegra, ou seja, até 2010. Não contavam com o aspecto de concretamente Maranhão assumir o poder e daí dar um novo rumo, uma nova discussão para esse tema.
Acontece que agora Maranhão é governador e, assim como Cássio, sabe da importância política que tem o TCM para quem promover a sua instalação. O TCM representa, mais do que um mero órgão fiscalizador das prestações de contas das prefeituras, algo que contém também um instrumento que resulta em poder político.
O atual governador sabe, assim como Cássio também sabia, que a própria composição do TCM implica em beneficiar alguns aliados políticos, já que parte deles é escolhida pelo próprio governador e pela Assembléia Legislativa. E nesse aspecto não há nada de imoral, até porque tudo isso já está previsto em lei.
Contudo, o atual governador, ao afirmar que no futuro pode sim haver a necessidade de instalá-lo, também confessa que não efetiva o TCM agora porque não dispõe do terreno político que precisa entre os deputados estaduais. Afinal, Maranhão não dispõe de folga na sua bancada e o próprio comando da mesa está sob o poder de Arthur Cunha Lima, cassista de carteirinha.
Se o momento não é propício, o governo empurra com a barriga, não coloca previsão na Lei Orçamentária para o próximo ano no item TCM e tentará deixar a idéia adormecida até que o cenário político lhes seja favorável.
Maranhão vai esperar a eleição do próximo ano. Pode estar imaginando que em 2010 tudo pode mudar. Pensa em vencer o confronto nas urnas, na eleição de uma maioria de deputados que lhe ofereçam sustentação na Assembléia Legislativa.
A estratégia pode ser mesmo a de deixar o assunto da instalação do TCM para que 2010 comece a decidir.
O fato concreto em todo esse duelo é que o governo passado teve todas as condições para instalar o TCM, mas, talvez, por falta de uma leitura mais prática daquela conjuntura, deixou o cavalo passar prontinho e se rendeu ao discurso de quem lhe fazia oposição.