O anúncio do apoio do ex-governador Cássio Cunha Lima, ao projeto de eleição do prefeito da capital, Ricardo Coutinho, não me causou surpresa. Tudo já estava planejado, tramado, orquestrado. Eu já sabia, tive a oportunidade de aqui escrever sobre o assunto e todos os seus episódios. Todo mundo já sabia até pelos flagras dos encontros mantidos ao longo dos últimos meses entre pessoas ligadíssimas a Cássio e a Ricardo.
E vou mais além: acho, inclusive, que o próprio Cícero Lucena também sabia de tudo. Cícero, assim como um marido que todos na rua comentam os atos de traição da mulher, prefere dizer que só acredita vendo e que prefere apostar na seriedade da companheira.
Acontece que agora nada temos para duvidar. Cássio resolveu declarar o seu apoio ao prefeito Ricardo Coutinho, sob o manto da “viabilidade eleitoral”, decidindo apostar no projeto do “girassol”, que soube muito bem usar José Maranhão para ganhar a campanha de 2004 e que, posteriormente, nem sequer respeitou o direito que tinha o PMDB de indicar o vice nas eleições de 2008.
Mas, ao que parece, esses exemplos históricos não serviram para debelar o ato de “traição”. Cássio foi na “guela”, foi direto, duro, de forma fria, sem dó, nem piedade, oficializando a maior atitude de abandono contra alguém, que na política e nos momentos mais pessoais, foi sempre leal, sincero, verdadeiro e amigo.
O anúncio de hoje, para Cícero, foi um duro golpe na consciência, nos valores essenciais, que, lamentavelmente, a política vai perdendo a cada dia, nos levando de forma direta a acreditar que política é sempre lugar de sujeira, de traição, de mentiras, de engodos, de enganações, de farsas.
O problema é que os atos, os gestos dos homens têm seu lugar reservado na história e que serão contados para as gerações futuras. E é exatamente essa certeza que deve estar ajudando Cícero a superar esses fatos e encarar os acontecimentos com tanta maturidade.
De uma coisa eu tenho certeza: Cícero, no momento em que ouvia atentamente a entrevista do seu amigo de tantos embates políticos, deve ter feito uma verdadeira retrospectiva na sua memória. Uma lembrança das caminhadas, dos embates, dos momentos difíceis, das alegrias, dos altos e baixos.
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