Já nos ensina o mestre Arnaldo Jabor que os canalhas são mais didáticos que os honestos. O canalha ensina mais. Na definição de Nelson Rodrigues, o canalha e um egoísta avarento. Um guloso incurável. Um irado permanente. Um invejoso contumaz. Um soberbo de sua canalhice. E um preguiçoso negligente, sempre que lhe convém.
O canalha é a síntese dos sete pecados capitais: ira, gula, inveja, preguiça, soberba, avareza e luxúria. O canalha é um pecador sistemático. A origem do seu pecado não é religiosa. Nem moral. Seu pecado é político-estratégico-tático. (Jorge Serão)
Nascido em época distinta, mas também na aldeota da Vila dos Amarelos, ele veio ao mundo com feições lombrosianas.
Pelas ideias defendidas pelo médico italiano Cesare Lombroso acerca do “criminoso nato” preconizavam que, pela feição do rosto, seria possível antever aqueles indivíduos que se voltariam para o crime.
Foi tiro e queda! Descambou-se para a vida pública.
Alguns diziam que, além de ser cara ‘cagada e cuspida’ de Feinho, a Careca, apelido desse subproduto que não escapou da série, era também idêntico em seus atos: da mentira à falsificação, do roubo à bandalheira…
A Careca vivia um drama desde que tinha sido despejado da ‘muda’ donde tudo provinha.
Como acreditar na promessa do sem voto? Se o alcaide da Vila de tão indeciso que, se ‘apertado’, diante de dois banheiros corre o risco de se sujar, por não decidir em tempo real qual deles usar.
A ilusão em torno do poder se esvazia. A ‘muda’ já não deseja mais bancar a bestialidade que atraiu a alma perdida.
Assim, segue o imediatista, o aventureiro no vale-tudo sem capital, mas ao lixo não sabe se voltará.