Que vergonha!

   Não acredite que o governo que aí está ainda poderá tomar o rumo do diálogo e das ações que o colocou como “o novo” da política em nosso Estado. Essa autodenominação não passou de uma propaganda enganosa e eleitoreira confundindo a cabeça da população. Da mesma forma, não creia que a prefeitura terá uma administração independente pautada na construção conjunta facilitado pelo apoio governamental. Quem imaginou que essa hegemonia seria salutar para o progresso de ambos certamente se enganou. O tempo necessário para promover essa mudança me parece ter expirado.  As esperanças se foram e ninguém acredita mais no que está acontecendo aqui.

   Como se não bastasse a falta de diálogo e das constantes truculências atribuídas aos “socialistas”, o fato é que agora o governo, tanto municipal como estadual, que, diga-se de passagem não há diferença alguma, se volta contra o povo num total desrespeito partindo para agressão física e denegrindo assustadoramente personagens e cidadãos comuns da nossa cidade. É como se a prefeitura funcionasse como uma Secretaria do Estado e as ações decididas conjuntamente. Enquanto o governo joga spray de pimenta nos olhos de estudantes, a prefeitura arranca orelha de ambulante. Enquanto o governo demite, persegue e usurpa direitos do cidadão, a prefeitura destrói pista de aeroporto na marra e no trator. Enquanto o governo terceiriza hospitais, a prefeitura privatiza saúde e educação. Parece até que tudo é combinado.

    O que aconteceu recentemente na Câmara Municipal durante a votação do projeto que beneficia as organizações sociais, é a maior prova de abuso de poder que vive hoje a nossa cidade. Proibir a participação do próprio povo na “Casa do Povo” é no mínimo contraditório e antidemocrático principalmente se tratando de um projeto polêmico e de interesse coletivo.  Da mesma forma, votar esse projeto sem debater com a população não permitindo sequer uma audiência pública, é sinônimo de pura ditadura. Pior ainda é convocar a tropa de choque e sentar o pau em populares desrespeitando os princípios democráticos gerando ódio e violência. Um verdadeiro absurdo!

   Sempre achei que um Prefeito ou um Governador são eleitos para administrar com a cumplicidade e a participação do povo. Aqui, no entanto, foi instituída a política do “eu posso”, “eu quero” e “eu mando”.  Assim como acho uma arbitrariedade o nosso Hospital de Trauma ser administrado pela Cruz Vermelha, é um suicídio entregar a saúde e a educação municipal nas mãos de organizações sociais ou ONGs. Foi isso que foi votado na Câmara! Se esses serviços já estão nitidamente péssimos imagine nas mãos de terceiros. Administrativamente falando é admitir e oficializar a incapacidade de governar.

   Antigamente os governos administravam com recursos próprios e nem por isso terceirizavam serviços essenciais de uma administração. Hoje as facilidades são inúmeras. Basta citar que, embora “os louros” tenham sido atribuídos a “outros”, a grande maioria das obras feitas pela prefeitura na gestão passada foi com verbas provenientes do Governo Federal, do PAC ou de emendas parlamentares. Nunca se teve tantos investimentos com recursos vindos de Brasília. Apenas para lembrar, a Estação Ciência, as alças da Beira Rio, a duplicação da Pedro II e a construção de 5.000 casas populares, foram algumas delas.  Ora, se tanto na educação como na saúde, os percentuais de recursos ainda são maiores, por que será que o atual prefeito quer entregar essa responsabilidade na mão de terceiros? A única justificativa que nos leva a crer é a tentativa de demitir milhares de prestadores de serviços livrando-se do Ministério Público e da Lei de Responsabilidade Fiscal transformando essas organizações em verdadeiros cabides para se fazer “a má política” sem deixar rastros nem responsáveis.  Diante tantos escândalos e falcatruas não tem como negar essa provável intenção. A sociedade não pode aceitar isso! Parodiando o jornalista Boris Casoy, o que está acontecendo na Paraíba é o retrato do absurdo, da impunidade e do verdadeiro abuso de poder: Isso é uma vergonha!