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O Tempo

     A cada ano que passa escutamos a mesma conversa de sempre: todos dizendo que esse ano passou mais […]

 

   A cada ano que passa escutamos a mesma conversa de sempre: todos dizendo que esse ano passou mais rápido do que os outros. Também tenho essa sensação, embora saiba que o eixo da terra tenha se deslocado e que os dias realmente estão ficando mais curtos. São milésimos de segundos imperceptíveis. A explicação científica recai nessa possibilidade, porém, não deixa de ser um fato que o mundo anda mais acelerado por causa do avanço da tecnologia e da ansiedade de querer realizar cada vez mais tarefas que antes não existiam.   A pressa do homem, nesse caso, é que na verdade provoca essa sensibilidade. 

   Já diz o ditado que o “tempo é o senhor da razão”. É a sabedoria dos que tem paciência e sabe cultivar a esperança da hora certa. Só o tempo, por exemplo, poderá curar uma dor, fazer uma revelação ou clarear uma dúvida.

   Existe o tempo cronológico e o histórico. De acordo com a cronologia das horas o tempo é mutante e está ligado diretamente à natureza das coisas. Determina a colheita. Dá vida aos astros. Provoca os ciclos das marés e as fases da lua. O tempo constrói eternidades. Recicla, determina, impõe. O tempo revela a verdade e a mentira. É sistemático, matemático e cientificamente explicado. Obedece a um calendário pré-estabelecido. Na medida em que esse calendário enquadra nossas vidas numa relação estipulada entre o dia e a noite, ele se dilui com os acontecimentos da alma e as elucubrações da vida. Por essa razão só o tempo tem o poder de construir histórias e revelar fatos. 

   O tempo é a reação das horas e minutos que vivemos. Quem tem hora geralmente não tem tempo e quem tem tempo não tem noção dos momentos que muitas vezes passam despercebidos e sem nenhuma intensidade.  

   Particularmente aproveito meu tempo valorizando ao máximo as horas, minutos e segundos que ele me proporciona. Cada segundo é único na nossa existência e o próximo poderá sequer existir.  Quando aquele momento passa, jamais voltará da mesma forma que outro vivido. O momento seguinte certamente será diferente e assim sucessivamente.

    Quando não temos pressa ou estamos vivendo alguma situação prazerosa, o tempo urge. Quando temos pressa, no entanto, o tempo parece ficar lento como se quisesse provocar a paciência de cada um de nós. O tempo é sábio e concreto. Ninguém poderá acelerar sua hora. O tempo é como um rio correndo sozinho e por essa razão não se deve apressar a correnteza.  É só fazê-lo navegar de acordo com a sua vontade e deixar-se levar em seu espaço que inevitavelmente saberemos entender todos os seus momentos.

    Na vida há tempo para tudo, mas o homem faz questão de sobrecarregá-lo e não se dá conta de que está vivendo contra o tempo. Como se quisesse atropelar a vida encara-o como uma lástima vivida e reclama de sua falta. Mas ele é único e ininterrupto. O tempo renova. O tempo envelhece. O tempo reanima. O tempo entristece. O tempo alegra e mutila. O tempo mata e perdoa.  O tempo tem seu tempo e nada, portanto, mudará sua trajetória.

   O ciclo da nossa existência, a ansiedade e o estresse da humanidade, parece acelerar com o tempo. Daí a sensação de rapidez, da falta de tempo. Ele determina o início, o meio e o fim. Nessa perspectiva, não adianta correr contra o tempo. Tudo acontece na hora dele. Mesmo que o homem insista em acelerar a sua existência, tudo só acontecerá no seu próprio tempo. No tempo da vida! No tempo de Deus! Para que pressa então?

  Faça seu tempo acontecer com as melhores intenções que a alma conclama. Viva seu tempo sem escravizar sua própria vida. Só assim saberemos valorizar todos os momentos e não seremos reféns de horas sufocantes que nos deixa sem tempo para entender a verdadeira razão de nossa existência.

 

                      

 

 

  

 

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