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A marginalização dos camelôs

     Quem não se lembra do tempo em que camelô era tratado como vendedor opcional imprescindível em uma cidade? […]

 

   Quem não se lembra do tempo em que camelô era tratado como vendedor opcional imprescindível em uma cidade? E quem nunca se divertiu com os artistas de rua ou com os choques dos peixes elétricos vindos do Amazonas e que os ambulantes vendiam seu óleo como remédio milagroso? Quando criança o que mais se ouvia era os mais idosos dizerem: ah, se não encontrou no comércio procure no camelô! Desde um brinquedo a um material escolar, um utensílio doméstico, uma novidade importada ou até a necessidade de se tirar uma foto 3×4 no “lambe-lambe” para se colocar em um documento, estavam lá, os “comerciantes independentes” para solucionar a questão. Camelô era tratado como “comercio alternativo” e não como marginal.

   A cidade cresceu e com ela o número de transeuntes nas calçadas e logradouros públicos. Até aí tudo bem! É necessário reorganizar o comércio informal estabelecendo critérios e priorizando os espaços públicos. O problema é a forma de como isso tem sido feito na nossa cidade.

    A decadência da classe média nos anos 80 fez com que muitas pessoas procurassem uma forma de aumentar a sua receita abrindo um pequeno comércio em sua própria residência. Era comum ver fiteiros e bancas de revistas armadas em garagens de “quase mansões” e nem por isso foram perseguidos pelo poder público. As classes C e D também sentiram no bolso o peso dessa crise. A partir daí cresceu nas ruas, o número de vendedores ambulantes. A necessidade de sobrevivência levou muitos pais de família a abrirem churrasquinhos, fiteiros, barraquinhas de cachorro quente, carrinhos de CDs, painéis de óculos e tantas outras modalidades de comércio

   O problema do mercado informal e dos ambulantes é uma questão debatida em quase todo território nacional, mas nunca houve tanto desrespeito e falta de diálogo com estes trabalhadores como tem acontecido aqui em João Pessoa. Quando começou a “limpeza da cidade”, como se referia o então Prefeito Ricardo Coutinho, não existiu da parte do poder municipal nenhum tipo de diálogo em relação a essas pessoas. E logo ele que tanto defendeu a classe dizendo constantemente que “lugar de camelô é  na rua”. Também concordo com essa afirmação! Estive em Portugal e na França e constatei a veracidade da frase. Realmente tanto em Lisboa como em Paris os camelôs estão todos os dias nas ruas, sempre apoiados pela prefeitura e o que é melhor, fazendo rodízios permanentes de onde se tem um fluxo maior de pedestres. A organização é impecável e sempre com o respaldo do poder público, os camelôs se revezam todos os dias em diferentes ruas da cidade. As barracas são padronizadas e o comercio é monitorado pelo poder público. Uma iniciativa que deveria inclusive ser copiada no Brasil.

   Diferentemente daqui, onde os camelôs são tratados como marginais, a retirada de barracas, fiteiros e ambulantes do centro da capital é sempre feita na base da força e da truculência. Com muita pancadaria, confiscam-se mercadorias, batem violentamente em pessoas honestas e pais de família. Um tratamento desumano! Recentemente um dos “bombados” da Prefeitura, como são conhecidos, chegou a arrancar um pedaço da orelha de um destes trabalhadores. Teria sido a síndrome de Van Gogh? Ou será a influência televisiva da famosa luta entre Mike Tyson e Evander Holyfield em 1996 quando Tyson covardemente decepou a orelha de Holyfield? Lembram? Na Paraíba, quem pratica o canibalismo miketysiano são os chamados bombados. E o que é pior, são pagos para isso! Um verdadeiro absurdo! Não custa lembrar, que, mexer no bolso dos mais necessitados com tanta violência, pode levar a um pai de família ter algum surto ou desequilíbrio mesmo que seja apenas temporário. Violência gera violência e isso é fato!

     

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