Fuba

A CIDADE DORMITÓRIO

  Afora o trânsito caótico de João Pessoa, o som das buzinas desrespeitosas e o barulho provocado pelos infernizantes carros de […]

  Afora o trânsito caótico de João Pessoa, o som das buzinas desrespeitosas e o barulho provocado pelos infernizantes carros de som fazendo propagandas de lojas ou anunciando a próxima reunião do orçamento democrático, João Pessoa poderá sim entrar no rol das cidades fantasmas. É que está cada vez mais difícil conviver e trabalhar numa cidade onde não se tem respeito a empresários, fornecedores e artistas que dependem da noite para sobreviverem.

   Esse disciplinamento que começou na gestão municipal passada, de certa forma criou uma situação confortável para o cidadão que tem todo o direito de, após um dia de trabalho, descansar no seu doce lar usufruindo da tranquilidade e da paz familiar. Até aí, tudo bem. Mas como fica os jovens, que querem sair para a noite, escutar uma boa música e se divertir na companhia de amigos ou familiares até quando bem quiser sem nenhuma restrição horária e com segurança?

   Quando estive vereador, me acusaram de querer implantar a Lei Seca e fechar os bares da cidade como forma de disciplinar a violência. No entanto, esse projeto nunca existiu! Desafio qualquer pessoa a pesquisar nos arquivos da Câmara e publicá-lo. O que na verdade existiu é que fui procurado por cinco proprietários de bares e restaurantes, que, tendo seus estabelecimentos assaltados, queriam que eu fizesse um projeto de Lei garantindo aos restaurantes terem segurança obrigatória paga em parceria com o poder público. Aqueles que não estivessem dentro dos padrões estabelecidos, aí sim, fechariam suas portas mais cedo. Conversando, na época, com o procurador do município, fui informado ser impossível implantar um projeto dessa natureza por ser inconstitucional e gerar despesas públicas. Além disso, segurança pública é obrigação dos poderes executivos. A discussão não foi adiante e acabei sendo julgado erroneamente pela mídia. Ora, como músico e defensor assíduo da classe, jamais colocaria um projeto que iria restringir exatamente o nosso mercado de trabalho. O que fiz na verdade foi um projeto de Lei disciplinando o uso de som em porta malas de veículos particulares em determinados locais, verdadeiros produtores da poluição sonora, e que infelizmente até hoje não foi posto em prática pelo Poder Municipal. Essa Lei sim, existe, foi sancionada e nunca foi implantada. Percebo que existe uma confusão na cabeça das pessoas em relação a essa questão, mas nada melhor do que o tempo para esclarecer e colocar “o ponto nos is”.

   Enquanto a cidade cresce turisticamente no boca a boca de quem a conhece, equipamentos de lazer são ameaçados e perseguidos e o que vemos hoje são bares e restaurantes sendo fechados, seja pela falta de segurança ou pelo exagero causado pelos órgãos de fiscalização, leia-se SEMAM, VIGILÂNCIA SANITÁRIA, SUDEMA, que muitas vezes não corresponde à justa causa dos que são fiscalizados. Já vi, por exemplo, em lugares que praticamente não existem moradores, uma festa, um show ou um evento ser interrompido antes mesmo da meia noite por causa de um único morador incomodado. O Centro Histórico é uma das áreas em que ocorre esse tipo de situação.

   O fechamento das barracas do Bessa, a restrição de música ao vivo na maioria dos bares da cidade e a possível interdição do complexo do Jacaré é um retrocesso imperdoável para quem quer entrar no rol dos destinos turísticos do Brasil. É necessário que os governos, tanto municipal como estadual, façam uma interferência e abra o diálogo com a União e o Ministério Público Federal no sentido de encontrar uma solução pacífica para o impasse. Cadê o “Projeto Orla” que até hoje não saiu do papel? Onde está a sensibilidade dos governantes que até agora não fizeram nada além de perseguir ou demolir? E como ficam os empresários e os produtores culturais que muitas vezes investem, se comprometem e acabam levando um prejuízo sem nem ter chance de se defender? Para onde vão essas famílias que dependem desses equipamentos para sobreviverem? Muitas vezes, esses empresários, mesmo estando devidamente licenciados são perseguidos com autoritarismo e incompreensão, quando não são multados ou no mínimo ameaçados de fecharem seus estabelecimentos. Da mesma forma músicos são reprimidos e enxotados de palcos e eventos, enquanto garçons, cozinheiros, vigilantes e fornecedores se vêem desempregados da noite para o dia, e o que é pior, sem nenhum aviso prévio.

   Como se não bastasse a falta de segurança para garantir a diversão tranquila do turista ou de qualquer cidadão, os empresários estão cada vez mais inseguros nos seus investimentos o que pode causar, em curto prazo, uma debandada destes equipamentos para outras cidades ou estados. Pelo menos é o que tenho ouvido da maioria deles. Caso isso aconteça, decididamente, seremos transformados numa cidade dormitório. Infelizmente!

          

COMPARTILHE

Bombando em Fuba

1

Fuba

UMA ÚLTIMA REFLEXÃO!

2

Fuba

A DOR DA DIGNIDADE

3

Fuba

OS VERDADEIROS PINÓQUIOS

4

Fuba

ERA SÓ O QUE FALTAVA!

5

Fuba

CONCEPÇÃO ERRADA