Eduardo Varandas

Professores são traficantes!

Eduardo Bolsonaro: o desespero agonizante de um parlamentar em descompasso com a Constituição Federal.

Professores são traficantes!

O Brasil ficou chocado com as palavras de Eduardo Bolsonaro que comparou os professores a traficantes de drogas.

Em frente ao Congresso Nacional, em carro de som, o deputado federal vociferou contra o Ministro Flávio Dino e desferiu golpes no magistério. Manifestou-se assim: “Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante que tenta sequestrar e levar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior, porque ele vai causar discórdia dentro da sua casa, enxergando a opressão em todo o tipo de relação”.

Não se pode dizer que o parlamentar é incoerente. Aliás, suas palavras constituíram ZERO surpresa para mim. Afinal, o que se pode esperar de um ser “humano” que prega o armamentismo, é adulão da ditadura militar, anticientificista, aliado a religiosos obscurantistas e visceral opositor da pauta de direitos humanos?

Nada de bom, certamente!

Eu, na condição de professor universitário, com mais de 20 anos de carreira, confesso que me sentiria profundamente angustiado, se a classe recebesse algum voto de louvor de um agente político tão ignóbil.

Compreendo inclusive que, para além de outras eventuais providências  contra o deputado, cabe ação civil pública por dano moral coletivo à categoria dos professores.

A verdade é que, metaforicamente, o professor é, de fato, um traficante. É um agente revolucionário e de alta periculosidade.  Traficam-se conhecimento, cientificidade e senso crítico os quais, no país da cegueira, da ignorância, da dominação religiosista e da  alienação quase epidêmica, constituem drogas perigosas, subversivas e ameaçadoras para os currais eleitorais que sustentam a politicagem medieval de gente da estirpe do Eduardo.

Com efeito, a ciência traduz luz, e o professor é o disseminador.  Ao longo da História, não foram poucas as tentativas de impedir o acesso da população a teses libertadoras e críticas em prol de uma sociedade igualitária e cônscia do papel do cidadão, das instituições públicas e dos legítimos instrumentos de luta social.

Vejo que a postura de Eduardo Bolsonaro deve ser interpretada como mero desespero e busca por holofotes de um movimento de extrema direita tendente ao fim.

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