Tenho acompanhado as cenas políticas dos últimos 25 anos no Brasil e noto que a pressão popular de quando em quando resolve algumas aberrações. Fiz coro no movimento das “Diretas Já” nos anos 80. Todo mundo queria votar em um presidente e tivemos que nos conformar com a indireta eleição de Tancredo Neves.
A maldita ditadura militar nos persegui até 1985. Parece que a cada eleição nos enchemos de expectativas enormes. Fomos sim culpados, pela eleição de Collor e por mais que repetidas vezes, busquemos um discurso pela ética na política, nenhum canalha desses consegue ocupar qualquer cargo, senão pela via direta do voto. Somos culpados sim e pecamos por omissão, sempre.
Melhor mesmo é reler o Analfabeto Político de Brecht, pois poderemos descobrir que a democracia nasce em cada ação contra esse bichos escrotos chamados e votados por cada um de nos.
O Analfabeto Político
Berthold Brecht
O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.