Eu nasci em Jaguaribe, na avenida Primeiro de Maio, no quarto da minha mãe e com ajuda de uma parteira. Foi neste mesmo bairro que ouvi falar pela primeira vez no nome de Walter Galvão Peixoto de Vasconcelos Filho, ou simplesmente Galvão.
Morreu hoje. Era músico, cantor, crooner dos Barbaros, jornalista e gênio! Galvão era um bipolar incrível, trafegava do amor pelo Botafogo da Paraíba ao mais profundo universo kafkiano. Galvão tinha a angústia kafkiana, era doce e atordoado
Dificilmente teremos outro Walter Galvão no século do calendário jaguaribiano. Com todo respeito a Aranha, Paulo Ró, Pedro Osmar e tantos outros de gerações semelhantes que transitavam entre a Torre, Cruz das Armas e Jaguaribe!
Galvão foi escanteado em um pedaço do tempo pelo Sistemas Correio devido às pressões politicamente externas. Como “prêmio” foi ser diretor do Programa Tony Show na televisão. Por lá que ele criou um quadro para mim chamado “Parada Noturna” onde eu produziria sob seu comando matérias exclusivas para televisão sobre noite pessoense.
Visitar na madrugada tribos jovens que frequentavam cemitérios, cobrir a vida de prostitutas em bordeis pessoense e outros temas afins; essas eram minhas pautas designadas por Galvão!
Galvão era um experimentador e em algum momento lhe faltou a sensação de jornalista, igualzinho a canção que ele defendeu no MPB Sesc de Carlos Aranha. A frase propositalmente contraditória estampa a capa do disco de Carlos Aranha, Sociedade dos Poetas Putos!
Na sociedade dos poetas vivos, Galvão ficou puto!