Clilson Júnior

Era uma vez…

    Sempre fui um servidor público motivado. Motivado porque achava que trabalhar na administração pública era algo nobre, qua valia […]

    Sempre fui um servidor público motivado. Motivado porque achava que trabalhar na administração pública era algo nobre, qua valia a pena todo o meu esforço. Certo das minhas convicções, não me importava tanto o fato de ter começado ganhando tão pouco. Não me importava de acordar cedo, deixar de tomar café com a minha esposa, de dar bom dia aos meus filhos. Não importava com a má reputação que a condição de servidor exalava perante a opinião pública. Não importava com os atropelos a lei que via e hoje vejo acontecer diariamente a minha volta.

 

     Assim, hoje eu digo: “Era uma vez um servidor público motivado”. Servidor que não se importava com o aproveitamento político e financeiro que a classe dirigente fazia em troca dos cargos de direção, como também, não se importava com a renúncia à dignidade vendida a troco de migalhas.

 

    Sim, era uma vez… Foi uma vez. Não me importava pelas chacotas porque achava que a minha atitude, a minha motivação, o meu empenho e dedicação podiam mudar as coisas, podiam contagiar gente a minha volta, podiam até convencer que se todos pensassem assim, a administração deixaria de ser mais um campo de batalha política e de enriquecimento de alguns, em detrimento de tantos outros que se mantinham de cabeça erguida.

 

   Era uma vez um funcionário público motivado que um dia começou a se preocupar com o fato de que as coisas não estariam mudando. Um dia em que reparou que as coisas tinham até piorado. Importou-se com o desrespeito governamental, ao ver os direitos conquistados por sua categoria funcional serem usurpados ditatorialmente. Importou-se quando se conscientizou de que moralidade é pano de fundo e que salários de gestores aglutinados ao privado, subestimam a classe dos servidores em geral.

 

    Sim, este servidor que traça estas linhas se importou quando percebeu que o bem comum não merecia o mínimo de respeito pelo Poder dominante, e que este mesmo Poder era compassivo, complacente e abusado para servir os interesses econômicos em curto, curtíssimo prazo, de alguns poderosos que tinham comprado esse mesmo Poder. 

 

    Importou-se ao ver a justiça (a que fiscaliza, a que aplica as leis) algemada, encurvada, dobrada, e porque se convenceu de que a visão de futuro do bem comum que esse Poder maior tem é mais retrógrado desde o tempo em que a ditadura decretou a lei da mordaça na imprensa.

 

   Era uma vez um funcionário público que perdeu a motivação. Que muitas vezes se acha um inocente, ou melhor, um otário, ao tratar bem todo mundo como pessoa e não objeto. Portanto, começo a perceber e entender porque é que alguns servidores tenham desistido de se empenhar no seu trabalho, preferindo ler jornal, telefonar a família ou fazer jogos no computador, como muitos Gerentes (chefes) assim o fazem, camufladamente nas barbas do Poder. Afinal, é o que o próprio governante os incita a fazerem.

 

    Era uma vez um funcionário público motivado que começou a sentir náuseas cada vez que relembrava aquele político magro e cabeludo, que incitava as manifestações e se passava por atuante e combativo, que sempre ocupava as emissoras de rádio e tv para denunciar os desmandos e atos de corrupção da época. O político implacável da taxa exorbitante de iluminação, da injustiça, o defensor voraz do servidor público, o revoltado combativo com empregos de parentes na administração pública, ficando, assim, conhecido por pregar a ética, o respeito aos direitos adquiridos e a moralidade administrativa na defesa dos interesses da população da Paraíba. Hoje, como dirigente maior é arrogante e orgulhoso, e ousa debitar teorias que descaradamente contrariam toda sua prática de antigamente.

 

   Era uma vez um funcionário público motivado… que já não o é. Agradeço ao senhor, meu caro ex idealista, meu atual governador.

 

Amadeu Robson Cordeiro

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