Clilson Júnior

Cartaxo: beija a mão de Dilma e renega Zé Dirceu

Na semana passada, a Paraíba recebeu a visita de duas das mais importantes personalidades da política nacional. Primeiro, quem resolveu […]

Na semana passada, a Paraíba recebeu a visita de duas das mais importantes personalidades da política nacional. Primeiro, quem resolveu dar o ar da graça, foi a presidente Dilma, que fez sua primeira visita ao estado, acabando com uma espera de mais de dois anos. Outro que esteve em João Pessoa, foi o ex-ministro Zé Dirceu. Veio fazer palestra na câmara sobre os 10 anos do PT no poder.

José Dirceu

No caso da presidente, tanto o governador Ricardo Coutinho, como o Prefeito Luciano Cartaxo fizeram questão de marcar presença e mostrar o quanto são gratos pelo que Dilma fez e até pelo que deixou de fazer. A visita da presidente não trouxe nada de novo, mas como ela é quem manda e a subserviência faz parte da cultura política local, até a primeira-dama Pâmela Bório tietou e esqueceu as criticas que costumeiramente faz ao PT em sua conta do twitter.

Cartaxo

A fragilidade da visita de Dilma foi tão grande, que o evento de maior destaque foi um almoço na casa do pai do ministro Aguinaldo Ribeiro, onde se abriu espaços para discutir o sabor da autêntica tapioca paraibana, com direito a benção do Pastor Estevam.

 

É triste, mas talvez a maioria não tenha percebido que só quem não tem o que fazer de relevante, pode passar horas e horas durante uma visita oficial jogando conversa fora e debatendo a culinária local. Porque de tudo que foi anunciado, nada foi fruto da gestão Dilma e, como diria o deputado Petista Anísio Maia, foram migalhas que não representam qualquer avanço significativo para o Estado.

 

Enquanto nos últimos 10 anos de Governo Petista, Pernambuco recebeu bilhões para Suape, um ramal da Ferrovia Transnordestina, fábrica de dormentes, a Hemobrás, a refinaria Abreu e Lima e até uma fábrica da Fiat está sendo implantada, o que podemos destacar na Paraíba? Nada, absolutamente nada. E não me venham com a velha história que faltam projetos. Afinal, todas essas realizações citadas, foram de iniciativa e influência do Governo Federal.

Dilma

Pra Paraíba nem as migalhas sobraram, já que pelos relatos do almoço da presidente, ela raspou o prato e lambeu os beiços. Pra quem acha que isso é prestígio, fica o recado: Palocci cansou de comer pão de queijo com Dilma, mas nem por isso foi poupado da degola.

 

No outro extremo, tivemos a visita do ex-ministro Zé Dirceu. Chegou a Paraíba sem pompa e teve que se contentar com uma merreca de petistas que acompanharam sua palestra e dividiram uma carne de sol em um restaurante regional local.

 

Mais triste mesmo, foi a desatenção do prefeito Luciano Cartaxo, que além de não marcar presença no evento com Zé Dirceu, fez questão de divulgar que passou o dia em atividade oficial, para que não restasse qualquer dúvida sobre sua distância do ex-ministro.

 

Muita gente talvez não saiba, mas Zé Dirceu foi um dos grandes responsáveis por garantir a candidatura de Luciano Cartaxo para prefeito, quando ele era um traço nas pesquisas e as pressões junto a direção nacional eram muito grandes para apoiar a chapa do Governador Ricardo Coutinho. Zé Dirceu contrariou amigos de mais de 30 anos, como Júlio Rafael, Walter Aguiar e o deputado Luiz Couto para sustentar internamente a candidatura de Cartaxo.

 

Pode-se falar tudo de Dirceu, menos que ele é de fugir e esconder suas posições. Afinal, foi ele junto com Lula que transformaram o PT no grande partido que é hoje. Se Dilma recebe declarações de bajulação intensa, foi porque Zé Dirceu estava a frente do PT, muito antes dela se filiar e trabalhando para que gente como Cartaxo pudesse um dia virar prefeito.

 

Talvez os gênios em torno do Prefeito de João Pessoa achem que fizeram a coisa certa, mantendo Cartaxo distante de Zé Dirceu. Mas a Paraíba, não perdoa traição e ingratidão. Quem não lembra de 2006, quando Zé Maranhão entregou Ney Suassuna aos leões, o abandonando no meio da eleição, devido denúncias feitas na imprensa nacional. Cássio fez exatamente o contrário com Cícero, pegou na mão do correligionário, que acabara de ser exposto na operação confraria e juntos derrotaram o favoritismo de Maranhão.

 

Luciano Cartaxo começa muito mal (politicamente falando) para quem quer ser grande na política. Zé Dirceu foi seu aliado, seu líder político e instrumento para sua campanha. Agora depois de condenado, Cartaxo quer vê-lo distante. Na campanha foram muitos os acordos que Cartaxo fez, três já foram quebrados: o acordo para que Roseana Meira permanecesse na secretária de saúde em troca do apoio de Agra; o compromisso de que Durval Ferreira seria seu vice ou, caso contrário, teria seu apoio para presidente da Câmara e; pra completar, renega Zé Dirceu que lhe garantiu apoio no partido para ser candidato e recursos para sua campanha.

 

Talvez se Cartaxo e nosso políticos tivessem mais personalidade, levantariam a cabeça na hora de receber a presidente Dilma e teriam altivez para receber um amigo, mesmo condenando pelo Supremo. Cartaxo fez valer um dos ditados mais velhos da política: quer conhecer alguém, dê poder a ele.

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