Clilson Júnior

Braz, porra e Ricardo

 “Oh meu filho… não altera naaada querido. Eu tô aqui para fazer uma entrevista sobre isso aqui (acadepol), pelo menos […]

 “Oh meu filho… não altera naaada querido. Eu tô aqui para fazer uma entrevista sobre isso aqui (acadepol), pelo menos respeite.. ahhhhh…. porrra ! O cara pede..assim é pau!”


 

 

Essa texto acima é a transcrição da fala do governador durante inauguração da Acadepol. É algo tão bisonho que, sem o áudio para comprovar tal maluquice, seria quase inacreditável a qualquer normal comentar tal episódio.

 

A comprovação deste áudio gravado por outro jornalista presente no incidente entre o governador Ricardo Coutinho e o jornalista Fernando Braz, da Rádio Arapuan, revela o desespero e despreparo de alguém que não suporta uma pergunta que saia do script. Ricardo não sabe ouvir perguntas que não sejam filtradas pela Secretaria de Comunicação do Estado da Paraíba. Se alguém tinha alguma dúvida que os tempos da censura ficou na década de 80 e se tratava apenas de história da era de chumbo e do temido esquadrão da morte que agia na Paraíba, quando tudo que era escrito e falado tinha que passar pelo crivo das assessorias de governo, agora, pode ter certeza, revela e desnuda a figura de um CENSOR , que nada mais, nada menos é o próprio chefe do executivo da Paraíba

 

 

Era uma simples solenidade de inauguração e lá estava o competente Fernando Braz, com seu gravador digital na mão. Braz teve a simples ousadia de perguntar sobre a elegibilidade de Cássio Cunha Lima para 2014. Ricardo agiu sem se preocupar com o constrangimento causado a Fernando Braz na frente de vários profissionais da imprensa. Ricardo intimidou o repórter. Imagine a reação do governador se alguém ousar indagar vossa majestade sobre o Jampa Digital ou qualquer escândalo denunciado nos últimos anos?

 

O jornalista gaúcho Luiz Cláudio Cunha nos ensinou muito bem que o bom jornalismo se faz e se constrói com boas perguntas. Braz perguntou e o governador no máximo poderia não responder. O jornalismo de excelência se faz com excelentes perguntas e Braz perguntou e o governador da Paraíba, de forma arrogante, agiu como um general em plena ditadura militar.

 

 

Me envergonha ver amigos e companheiros de imprensa, obrigados que são, terem que ir a inaugurações deste ou qualquer governo e ficarem calados, sem fazer aquela excelente pergunta. Os que tentaram ou que tentarem, foram ou serão demitidos. Não sabem eles que o governo Ricardo, Cartaxo ou Dilma, qualquer governo, por mais correto que sejam, sempre farão mal à imprensa. Fernando Braz quando perguntou sobre a elegibilidade de Cássio, fez bem ao governo – pois quis saber do governador, o que ele achava sobre este possível cenário político. Ricardo poderia ter respondido: “Sempre tive a certeza da elegibilidade de Cássio, meu companheiro“. Braz errou ? Não.

 

Governo não precisa do “sim” da imprensa. Governo evolui com o “não” da imprensa. A proximidade da imprensa com o governo abafa, distorce o jornalismo. A distância entre governo e imprensa é conveniente para ambos, útil para a sociedade e saudável para a verdade. Jornalismo é tudo aquilo de que o governo não gosta. Repito, tudo que Ricardo gosta é propaganda.

 

A história revela que o general Costa e Silva foi queixar-se das críticas que recebia do Jornal do Brasil, diretamente a condessa Pereira Carneiro, dona do matutino, que tentou aliviar o posicionamento do jornal ao revelar que eram apenas “críticas construtivas”. O generalfoi direto ao ponto: “Mas o que eu gosto mesmo é de elogio!…”

 

Jornalismo é para atacar mesmo. Mostrar o que não pode ser visto pelo população. Imprensa é para denunciar. Radialista tem que denunciar a safadeza de um gari que ganhou uma licitação milionária na EMLUR. Imprensa tem que denunciar a situação dos professores que ganham menos de 2 salários mínimos no estado, no município e nos cambaus.

 

O que Braz fez foi jornalismo, ou seja, o que Ricardo não gosta.

 

Ouvir “porra” “me respeite” da boca de um governador é algo tão insano que nem mesmo um pedido de desculpa pública restaura tamanha confusão estabelecida.

 

 

Passe a régua e pode fechar a budega, pois a Paraíba ainda vai presenciar coisas piores, onde alguém vai ter que morrer para a sociedade saber que isso tudo é uma farsa!!!

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