Resultados de exames laboratoriais a que esta coluna teve acesso sobre a balneabilidade das praias da Paraíba mostram que é melhor pensar duas vezes antes de mergulhar nas águas impróprias para o banho. O caso é grave. Um laudo da Superintendência de Administração do Meio Ambiente da Paraíba (Sudema) aponta uma grande contaminação por coliformes fecais na orla paraibana, possivelmente proveniente de ligações clandestinas de esgotos às galerias pluviais, as quais não têm sido fiscalizadas pelas prefeituras. Na praia de Cabo Branco, foram constatados 2.400 coliformes fecais (UFC/100ml), quando o máximo tolerável seriam 1.000.
Além de João Pessoa, há praias em outros municípios, como Pitimbu, por exemplo, que os banhistas estão mergulhando no esgoto. Pelo menos quatro praias são apontadas como “impróprias”, um verdadeiro eufemismo, para níveis de contaminação que podem chegar a 22.500 coliformes fecais, como na praia de Pitimbu. Em Acaú/Pontinha, o nível de coliformes fecais medido pela Sudema atingiu 12.000 no período analisado. Já na praia Ponta dos Coqueiros, em Pitimbu, o nível de coliformes termotolerantes chegou a 8.250 UFC/100ml. Na praia do Maceió, em Pitimbu, foi encontrado um volume de coliformes de 12.000 UFC/100ml.
Nem as áreas nobres da orla paraibana escapam. Em Camboinha, a Sudema chegou a medir 2.280 coliformes fecais.
O Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) criou em 2017 uma comissão formada por técnicos da Secretaria de Infraestrutura de João Pessoa, Cagepa, Sudema e Seman (JP), com a participação de um auditor do Tribunal de Contas, para inspecionar as galerias pluviais da orla para identificar a origem dos esgotos irregulares jorrado nas praias da Capital.
No caso de João Pessoa, o relator é o conselheiro Nominando Diniz. Ele vai chamar a Prefeitura de João Pessoa para se explicar, uma vez que os resíduos estariam acessando as praias por meio das galerias pluviais. Nominando disse que não acredita que os coliformes fecais decorram apenas das pessoas que fazem as necessidades fisiológicas nas praias ou no mar, dado o volume da contaminação.
Assista ao vídeo:
Apesar do problema ter vindo à tona em março do ano passado, a Secretaria do Meio Ambiente de João Pessoa ainda não tomou as providências para resolver a questão.
Quanto às outras cidades, o conselheiro vai encaminhar os estudos e o laudo para cada um dos relatores das contas dos respectivos municípios.