Aline Lins

Cabotagem ou sabotagem?

Petrobras entende que entregas de combustíveis para a Paraíba foram normalizadas com a chegada do último navio ao estado

Cabotagem ou sabotagem?

Porto de Cabedelo — Foto:José Marques/Secom-PB

Não há como resolver o problema do desabastecimento de combustível na Paraíba se a sabotagem vier de cima, da Petrobras. Destaque para o “se vier”. Mas cá pra nós, a Petrobras tem todo interesse de tirar a cabotagem do Porto de Cabedelo, por questões econômicas. Em contato com a Petrobras, nesta quarta-feira (05), esta coluna obteve da Petrobras o seguinte posicionamento atual sobre a transferência das operações de Cabedelo para Suape: “a Petrobras informa que a forma de abastecimento dos mercados de gasolina e diesel na Paraíba não foi alterada”. Ponto.

Se vai ser ainda, a empresa não respondeu.

Sobre a questão da chegada dos navios, a posição da empresa é que “as entregas para a Paraíba foram normalizadas com a chegada do último navio no dia 29 de dezembro”.

Fica difícil lutar contra um problema cuja existência não é admitida. A Petrobras tem declarado desde o final de dezembro, após estourar antes do Natal a falta de combustível e consequente elevação dos preços, que o abastecimento de gasolina no Nordeste foi normalizado. Bom, não é o que se sabe por aqui.

O deputado federal Rômulo Gouveia (PSD) recebeu um comunicado da Petrobras, na tarde desta terça-feira (5), afirmando que o abastecimento na Paraíba será restabelecido. O deputado manteve contato com o consultor presidente da Petrobras, Armando Sérgio Prado de Toledo. Segundo a Petrobras informou ao parlamentar, o problema foi resolvido.

“Tivemos alguns atrasos em navios de cabotagem e problemas operacionais em algumas unidades de produção, o que levou a uma redução de estoques de gasolina na cabotagem. O problema não ocorreu somente em Cabedelo. As dificuldades já foram ultrapassadas e o abastecimento está normalizado”, informou a diretoria da Petrobras ao deputado através do Gerente Geral de Comércio de Produtos, Rubens Azevedo dos Santos Júnior.

Pode ter chegado navio – com atraso, mas chegou –, pode estar sendo esperada outra embarcação com mais combustível – que tinha previsão para hoje, mas até agora, nada –; mas se não tiver uma logística operacional de distribuição, vai continuar sem combustível na bomba e os postos vão continuar extorquindo os consumidores. Os caminhões que até então faziam bem o transporte do produto, mas que agora desapareceram, estão sendo utilizados para distribuir tanto gasolina como etanol. Desorganização ou premeditação?

Aí não adianta entrar Procon nem Ministério Público; pode ir governador, vice-governadora, presidente de porto, bancada federal, todo mundo reclamar com a Petrobras, porque a empresa com suas meias palavras não está deixando muito clara a sua posição em relação à Paraíba.

Navio foi parar em Suape

O navio que estava previsto para chegar nesta quarta-feira (06) à Paraíba com combustível só deve aportar no Porto de Cabedelo no próximo sábado. O navio está no porto de Suape, em Pernambuco. A informação é do promotor de Justiça dos direitos do consumidor Gualberto Bezerra, que começou a ouvir as distribuidoras pela manhã. De acordo com o promotor, os estoques de combustível na Paraíba chegarão até sábado. Gualberto Bezerra descartou que o combustível possa acabar nesta quinta-feira (07), pois apenas uma distribuidora informou que só tem combustível até amanhã. As demais ainda têm o produto.

O promotor de Justiça disse, também, que no caso de faltar combustível na Paraíba, ainda tem a opção dos caminhões irem buscar em Suape (PE).

Quanto às medidas judiciais, Gualberto disse que se reuniu nesta quarta-feira com o procurador-geral do Estado Gilberto Carneiro e deve se reunir na tarde desta quinta-feira novamente, para tratar da possibilidade de ingressar com ação para impedir mais prejuízos à população, destacando, inclusive, o impacto e o perigo de 140 caminhões indo a Pernambuco buscar a carga de alto risco.

Nesta quinta-feira, o Ministério Público vai ouvir mais distribuidoras e ouvirá um representante da Petrobras até a próxima sexta-feira. A Comissão de Direitos do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PB) também passou a integrar o inquérito civil público instaurado pelo Ministério Público.

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