Está faltando gasolina nos postos da Paraíba. O suposto atraso na chegada de dois navios cargueiros que vêm de bases petrolíferas comprometeu o abastecimento nos postos que não têm bandeira, ou seja, que não têm uma exclusividade sobre quem distribui combustível, como BR, Ipiranga, Raízen, licenciada da marca Shell no Brasil. O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados de Petróleo no Estado da Paraíba (Sindipetro) informou que as distribuidoras estão priorizando os postos que têm bandeira e informaram que a situação só deve se normalizar na próxima semana, com a chegada nos navios.
O fato é que, como se não bastassem os aumentos sucessivos de preços, esta semana surgiram denúncias por parte de donos de postos de que faltaria combustível, já que as distribuidoras estavam lhes cobrando mais caro pelo fornecimento do produto. E agora nem isso. A prioridade são os postos com bandeira.
Nessa guerra de mercado, o consumidor é quem sai perdendo com a redução da concorrência entre as empresas. Há empresários, por exemplo, que têm um único posto, e outros que têm uma rede, com dez ou quinze postos, e são estes que obtém os melhores preços junto às distribuidoras, e que ditam as regras e os preços ao consumidor. No bairro dos Bancários, por exemplo, quase todos os postos são de um empresário só.
O objetivo das grandes redes é abocanhar o mercado, quebrar a concorrência por meio da guerra de preços, e assim comprar mais postos. O governo federal não se mete na briga. Ou melhor, a própria Pretrobras estimula a monopolização do mercado pelas grandes redes de distribuidoras – a exemplo da BR Distribuidora, que embora tenha capital governamental, tem seus próprios postos, inclusive na Paraíba.
Diante dessa máfia, onde estão os órgãos fiscalizadores? Em 2007, a Polícia Federal fez uma operação para acabar com um cartel que mandava nos preços de combustíveis em Pernambuco e, principalmente, na Paraíba. A operação foi chamada de 274, referência ao preço da gasolina na maioria dos postos de João Pessoa, que foi palco de grande parte da ação. Na época, os empresários que ousavam vender o combustível mais barato – R$ 2,20, R$ 2,22, R$ 2,23 –, sofriam todo tipo de perseguição.