De olho no segmento de alto luxo, a Volvo lança no Brasil a segunda geração do S80. O modelo – que foi revelado ao público durante o Salão de São Paulo, em outubro – chega para brigar no seleto clube dos carros de R$ 300 mil. Como concorrentes, terá pela frente Audi A6, BMW Série 5 e Mercedes-Benz Classe E. O novo S80 tem tudo que seus rivais têm, além de um item a mais: discrição.
Veja galeria de fotos no fim da matéria.
Características da marca, os contornos que não chamam tanto a atenção podem servir como diferencial em nossas violentas ruas. Apesar de discretos são, bem desenhados, dignos do prêmio de mais bonito sedã do mundo, conquistado em outubro, na 14ª edição do concurso L´Automobile più Bella del Mondo, em Milão, Itália. Seus traços foram concebidos para obedecer a habitual preocupação da marca com a segurança. Arredondados, amenizam os males em caso de atropelamento, além de a carroceria vir com quatro tipos de aço para melhor absorção dos impactos.
A grade em forma de trapézio fica em evidência e dá origem a dois vincos que sobem pelo capô de alumínio. Assim os faróis direcionais de xenônio ficam em um plano inferior e formam “largos ombros” que percorrem toda a lateral, delimitando a linha de cintura e culminado com uma tampa de porta-malas mais alta. O teto cai suavemente em direção à curta traseira, assemelhando seu perfil ao de um cupê. O S80 tem 4,85 metros de comprimento, 1,86 m de altura, 1,49 m de altura, 2,83 m de distância entreeixos e 480 litros de porta-malas, números próximos aos dos rivais.
No interior a sobriedade também se faz presente. O painel tem linhas limpas e retas, e o console central vazado na parte de trás, como na linha S40, é o único toque mais arrojado. Os mostradores analógicos guardam dados digitais no centro. Há amplo uso de couro, aço escovado (na versão 3.2) e madeira (na V8) e, em conformidade com outra característica da Volvo, a ergonomia e o acabamento são perfeitos. Os comandos localizados no volante, console e bancos são simplificados e de fácil manuseio. É possível personalizar as funções do carro (disposição de bancos e espelhos, temperaturas do ar-condicionado, estações) conforme o motorista.
São variados os “mimos” tecnológicos e de segurança no novo S80. O sistema Blis (Blind Spot Information System), com câmeras de vídeo nos espelhos retrovisores, alerta por meio de um sinal luminoso na coluna dianteira a presença de algo nos pontos cegos do carro. Há ainda aviso de colisão traseira, que alerta por avisos sonoros e luminosos, a iminência de uma batida contra o carro da frente.
Já o Piloto Automático Adaptável, além da velocidade, mantém a distância programada pelo motorista. São cinco opções, e a medição é feita por meio de radares. Se a distância em relação ao carro da frente ficar menor do que a selecionada, o sistema de injeção corta a potência do motor e os freios são acionados. Com a saída do veículo à frente, o S80 automaticamente retoma a velocidade selecionada. Esses três itens estão disponíveis somente na versão V8.
Ainda no que se refere à segurança, os airbags laterais têm aberturas diferentes para o tórax e para os quadris e há encostos de cabeça que amenizam o chamado efeito chicote em impactos traseiros. Por fim há o controle remoto para a abertura das portas, que indica ao dono se há alguém dentro do carro por intermédio de um sensor de batimentos cardíacos.
O sistema de som tem CD player que reproduz arquivos em MP3 ou WMA, além de amplificador digital da Alpine, sistema Dolby Pro Logic II Surround ajustável e alto-falantes da dinamarquesa Dynaudio. Há entrada auxiliar para equipamentos de som, como iPod e, para o celular, tecnologia Bluetooth. A cabine traz ainda um purificador de ar que elimina possíveis vapores alérgicos.
No Brasil o S80 terá dois motores disponíveis, ambos de alumínio. O primeiro é o novo seis cilindros em linha da Volvo. Compacto, é apenas 3 milímetros mais longo que os tradicionais cinco cilindros da marca. É 3.2 de 238 cv (cavalos) de potência, 32,6 kgfm de torque e oferece tração dianteira. Com câmbio automático de seis marchas com opção de trocas manuais, acelera de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos e atinge 240 km/h de velocidade máxima, limitada eletronicamente.
Há também o V8 4.4, desenvolvido em parceria com a Yamaha e já utilizado no utilitário esportivo XC90. Instalado em posição transversal, tem 315 cv e 45 kgfm de torque passados às quatro rodas por uma caixa semelhante a do S80 3.2. Sua aceleração de 0 a 100 km/h acontece em 6,5 segundos e a máxima é de 260 km/h, também limitada. O compartimento do motor foi concebido para não permitir a invasão do motor na cabine em caso de acidente.
Completam o pacote controles de tração e estabilidade e freios com novo sistema hidráulico de assistência em frenagens de pânico, aproximação das pastilhas aos discos quando o condutor repentinamente pára de acelerar e um sistema que, em frenagens longas, evita o superaquecimento do sistema. O Four-C, equipamento que permite selecionar três modos de operação da suspensão – Comfort, Sport e Advanced – não virá para o Brasil.
No volante do S80, todos esses avanços empregados pelo fabricante sueco proporcionam uma condução agradável. Interpress Motor avaliou as duas versões em um percurso majoritariamente rodoviário, em Campinas (SP). Na versão V8, a parafernália tecnológica é o destaque. Com o Piloto Automático Adaptável, basta o motorista escolher a velocidade através dos comandos no volante, depois disso, parafraseando a famosa marca de chinelos, é possível dar férias para os pés. O sistema, de fácil manuseio, funcionou a contento no tráfego da rodovia, acelerando e freando o carro sozinho quando necessário.
O motor V8 4.4 prima pela suavidade. Rápido, retoma velocidade com vigor, ajudado pelo bom câmbio de seis velocidades. Na opção manual, as trocas são rápidas, porém, se a rotação do motor chega à faixa vermelha do conta-giros, a marcha é passada automaticamente. A estabilidade é elogiável, ajudada pela tração integral e pelas rodas de 18 polegadas, calçadas em pneus 245/40. A suspensão é firme, mas não chega a ser desconfortável.
No S80 3.2, apesar do desempenho mais contido em relação ao V8, em especial nas retomadas, o bom comportamento é semelhante. Câmbio, suspensão e até a estabilidade (mesmo com tração somente dianteira e rodas de 17 polegadas) são muito bons. Os equipamentos de segurança presentes no V8 não estão disponíveis, mas isso não desabona o modelo.
A Volvo do Brasil pretende comercializar 50 unidades anuais do novo S80, sendo 60% delas da versão 3.2. Para isso, vai expandir sua rede de dez para 12 concessionários em 2007 e aposta na boa relação custo-benefício do modelo, que custa R$ 265 mil na versão 3.2 e R$ 299 mil na V8. Diante dos rivais – vendidos, em média, por R$ 300 mil nas versões seis cilindros e R$ 380 mil nas V8 –, é bom argumento.
UOL