Imagine ser provocado, cutucado e atiçado, tudo isso estando dentro de um caixote de madeira onde não se pode fazer nada. Imaginou? Essa é a sensação de um touro antes de entrar em uma arena. Irritado, enclausurado, eu diria mais, possesso, eis que de repente abrem-se os portões e tudo que tem a sua frente é um belo pano vermelho tremulando. Provocador? Agora você pode entender a sensação de quem está ao volante de uma Gallardo e vê uma F430.
A relação ainda é mais provocativa quando os dois modelos tratam-se das versões conversíveis dessas duas feras. O catalisador de todas essas emoções é o motorista que enxerga seu oponente face a face ao melhor estilo “bang bang” italiano. No caso de um “stop and go”, ou na arrancada em semáforo de transito qualquer o motorista da Spyder vai ganhar mais motivos para odiar seu oponente que leva a insígnia F430 e um brasão amarelo com o famoso “cavalino rampante”. A Ferrari apesar de ter um motor menor e menos potente que o do rival, faz de 0 a 100 km/h em 4s1 enquanto a Lambo faz em 4s3.
Os 10 cilindros em “V” com 4 961 cm³, do “touro”, gera 520 cv de potência a 8 000 rpm e cerca de 52 kgfm de torque. Com tudo isso e mais um sistema de tração integral o Gallardo não consegue, pelo menos não no 0 a 100 km/h, superar a magia do motor V8 de 4 308 cm³, que tem 490 cv, obtidos a 8 500 rpm, e torque de 47 kgfm do “cavalo” de tração traseira de Maranello. A F430, com 1 520 kg é mais leve, porém apenas 50 kg, ou cerca de uma modelo anorexia, o que não justificaria seu melhor desempenho na aceleração. O peso potência da Ferrari é de 3,1 kg/cv enquanto o da Gallardo, ligeiramente melhor, é de 3 kg/cv.
A música ensurdecedora de mais de 1000 cv de potência das duas máquinas entra no cockpit dando o ritmo desta disputa tão barulhenta quanto um campeonato de carros de corrida. O vento bate nos cabelos como se quisesse arrancá-los e a velocidade segue aumentando. Até ultrapassar a barreira dos 300 km/h. A Lambo chega a 314 km/h enquanto a Ferrari é de 311 km/h. Vitória para o touro nesse sentido, principalmente pois a velocidade máxima é um fator muito bem visto por todos.
Em altas velocidades o Spider gruda no asfalto. Agilidade, precisão e com pouca torção são as características dessa Ferrari. Os sistemas eletrônicos e particularmente o chassis com sistema ajuste eletrônico da F430, faz ajustes constantes que dão uma maior segurança e conforto na dirigibilidade do modelo.
Na Gallardo o sistema de tração integral ajuda a manter o carro no chão, porém, em curvas sinuosas o modelo requer uma mão mais pesada para dominar o carro, oferecendo um equilíbrio moderado para o carro.
Cheire, ouça, sinta e prove: A Gallardo recebe seus passageiros de forma lisonjeira, em uma “gruta” envolta em alumínio, couro e carbono, assim como a Spider, só que com mais equipamentos. Sua posição de dirigir é baixa e a linha de cintura alta, enquanto na F430 a posição é mais alta. Aliás, todas as medidas da Ferrari são maiores que a da Lambo. Como uma modelo de medidas maiores, enquanto a outra, é mais “mignon”, ambas bonitas, isso não se discute.
No final dessa tourada, mais uma vez o touro não levou a melhor, tão pouco o cavalo, que apesar de ter ganhado na somatória dos pontos, saiu muito ferido para um próximo confronto. Quem ganha com isso? A resposta é clara, o público.
Fonte: Terra Carros
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