Carros

Mercedes-Benz GLK 280

Entre o luxo dos sedãs e o utilitarismo da Classe G, o GLK trilha um caminho intermediário

Ao longo de sua história, a Mercedes, enquanto se especializava em fabricar sedãs e esportivos de luxo, mantinha um pé fincado no trabalho mais pesado com utilitários como os jipes da Classe G, dois mundos totalmente distintos. Por isso, hoje, quando apresenta um crossover, é difícil conter a sensação de estranhamento. O choque foi maior no lançamento do utilitário esportivo da Classe M, a primeira investida da marca fora de sua seara, em 1998. A carga genética Mercedes-Benz é tão forte que ousadias da marca têm o poder de surpreender clientes habituais, entusiastas e jornalistas veteranos. Acabamento luxuoso, suspensão confortável, silêncio a bordo e um comportamento dinâmico que, com pouca variação, se repete em todos os carros são valores inalienáveis da marca. A Mercedes se apressa em afirmar que o GLK é um legítimo herdeiro da Classe G, veículo militar desenvolvido no fim dos anos 70 e que depois passou a ser vendido para civis, como ocorreu com o americano Hummer mais recentemente. “Seu design mistura a robustez da Classe G com a modernidade da linha de automóveis de passeio da marca”, diz o chefe de design da Mercedes, Peter Pfeiffer.

A explicação do designer ajuda, mas depois a gente depara com o carro e o desconforto não diminui. O GLK tem um desenho muito particular. Há soluções interessantes como as rodas grandes, aro 19, e o vinco que delineia o paralama traseiro. Mas, no conjunto, ele é esquisito. Falta harmonia entre as partes. A dianteira tem um capô extenso horizontal. A coluna dianteira é longa e inclinada,enquanto a traseira é curta e vertical. E o teto é mais estreito que a base do carro. A profusão de linhas retas e curvas juntas incomoda o olhar.

Ok, você já percebeu que eu faço parte do grupo que acha que Mercedes-Benz tem de ser sedã. No máximo, um conversível como o SL. Como diz um amigo: a gente tem que encontrar algumas referências típicas enquanto dirige. Mesmo assim, respiro fundo e tento entender a proposta do GLK. Sentado ao volante, apesar da estrela no centro da direção e dos instrumentos e dos controles do ar-condicionado idênticos aos de outros modelos da marca, não me reconheço em um ambiente familiar, ainda que o GLK tenha sido desenvolvido a partir do sedã da Classe C. Há detalhes merecedores de elogios, entretanto, como o acabamento e o conforto dos bancos e a ergonomia. Pela primeira vez, vejo uma fábrica se preocupar em dar um acabamento de qualidade superior à parte do painel que fica atrás do volante – que no GLK é de alumínio –, assim como do lado do passageiro. Sim, o acabamento é próprio de Mercedes-Benz.

Penso que se fosse um BMW eu não estaria tão preocupado com a tradição e que não há mal nenhum no fato de a Mercedes querer entrar em outros segmentos do mercado. A Porsche não está lançando o Panamera? Fecho a porta, giro a chave e gosto do que sinto. Aquele comportamento típico a que me referi no início do texto está presente. Tenho de me render às evidências. Menos mal.

O motor tem cavalos de sobra para movimentar o carro e essa agradável sensação de ter reserva de força me lembra o Classe E. Na pista, o V6 3.0 com 231 cv de potência e 30,6 mkgf de torque leva o GLK 280 a acelerar de 0 a 100 km/h em 9,4 segundos. O câmbio 7G-Tronic, automático sequencial de sete marchas, me dá opção das trocas no modo manual, mas eu simplesmente piso fundo e deixo que ele realize as trocas da melhor maneira. A direção elétrica, que varia a assistência de acordo com a velocidade, não exige esforço, mas tem peso suficiente para se tornar firme e precisa, quando neces-sário. E a suspensão é macia como deve ser. Com estrutura McPherson na dianteira e multilink na traseira, o GLK conta com um sistema que controla o amortecimento de acordo com as condições do piso e o estilo de condução. Segundo a Mercedes, no asfalto o sistema Agility Control deixa os amortecedores mais rígidos, para garantir a dirigibilidade, e na terra permite maior suavidade para assegurar o conforto prejudicado pelo piso acidentado.

Apesar de ser o menor da família – acima dele há os modelos G e GL – o GLK é tão valente quanto os irmãos nos trechos fora-de-estrada. Os projetistas da Mercedes sabem que seu uso será predominantemente urbano, mas não quiseram negar ao caçula as mesmas chances na vida. “Afinal ele será comercializado em países tão diferentes quanto a Rússia, com suas regiões geladas, e os Emirados Árabes, com o deserto escaldante”, diz o material de divulgação. Entre os lugares que o GLK visitou durante seu desenvolvimento, a Mercedes cita o deserto da Namíbia – com caminhos de areia, terra e pedra e temperaturas acima dos 50 ºC – e o Círculo Polar Ártico, com neve e muitos graus abaixo de zero. O GLK tem tração integral permanente 4-Matic e seus sistemas eletrônicos de controle, como ABS, ASR e ESP, são adaptados para trabalhar em todas as condições de uso possíveis. Se o cliente desejar, no entanto, pode encomendar um pacote off-road em que, por meio de um botão no console, é possível alterar os mapas desses e de outros sistemas, como o da transmissão.

Como um verdadeiro Mercedes, o GLK é bem servido de equipamentos. Entre os itens de série, ele traz ar-condicionado com ajuste independente para três regiões da cabine (motorista, passageiro da frente e banco traseiro), bancos de couro, sistema de som, coluna de direção com ajuste elétrico em altura e profundidade, oito airbags e sistema de proteção contra colisões traseiras.

O nome GLK é formado pelas iniciais de Geländewagen (veículo fora-de-estrada), Leicht (leve) e Kurz (curto), em alemão. Mas oficialmente a fábrica diz que essa sigla não tem tradução. O GLK seria apenas a versão compacta da linha G, de utilitários esportivos. Pena: a fábrica perde uma boa oportunidade para reafirmar a linhagem do carro.

Fonte: Quatro Rodas

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