A carreira delas é longa – estão no mercado desde 1995 –, porém, uma é líder da sua categoria (S10) e a outra amarga uma pesada concorrência (Blazer), principalmente vinda do exterior. O fato é que a própria General Motors tem expectativas distintas para seus dois novos modelos com motor bicombustível.
A montadora lançou na semana passada os dois utilitários agora equipados com o motor 2.4 litros Flexpower, o primeiro a equipar veículos dessa categoria. Trata-se basicamente do mesmo motor que existe no Vectra, exceto pelo cabeçote ter 8 válvulas em vez de 16 do propulsor do sedã.
Nem por isso sua potência ficou muito atrás: são 147 cv utilizando álcool e 141 cv apenas com gasolina – o 2.4 16V do Vectra chega a 150 cv e 146 cv. Com as modificações realizadas no motor (maior taxa de compressão, coletor de admissão mais leve, catalisador mais próximo dos canos de escape e Módulo de Controle Eletrônico de maior capacidade processamento), a curva de torque tem seu ápice prolongado até perto de 4400 rpm quando utilizando álcool.
Outra novidade interessante é o sistema de partida a frio “Cold Start Rail”, que aquece o álcool para facilitar a partida em dias frios. É uma alternativa mais inteligente e prática que o reservatório de gasolina utilizado na maioria dos veículos bicombustíveis. Para completar, os dois modelos oferecem também o sistema “Trac-Lock”, que controla a aderência em pisos irregulares, mas era disponível apenas nos modelos a diesel.
Maior aceleração e menor consumo
O resultado prático do novo motor é uma aceleração mais eficiente e um consumo de combustível mais ameno – aquilo que todos gostam de ouvir. Agora ela consegue ir de 0 a 100 km/h em 11s5 (álcool) ou 12s8 (gasolina) – antes eram necessários 13s. A velocidade máxima está limitada eletronicamente a 150 km/h.
O consumo, “calcanhar de aquiles” desse tipo de motor de grande cilindrada, mostrou-se mais contido. Se antes a S10 a gasolina percorria 8 km com um litro na cidade, agora ela consegue andar 9,2 km com a mesma gasolina e 6,3 km com álcool.
Design desgastado
Se pelo aspecto racional a picape (e também o utilitário esportivo) ficou bem mais interessante, pelo lado emocional nenhuma novidade. A família S10 continua basicamente com a mesma aparência desde seu lançamento, em 1995. A exceção foram a reestilização realizada em 2001 e os retoques em 2005. Enquanto isso, Hilux, Frontier, L200 e Ranger evoluíram mais nesse sentido.
Mas a picape tem dirigibilidade confortável, melhorada ainda pelo motor flex, com pouca vibração e torque generoso em médias rotações.
Flex vs. Diesel
O mote da campanha da General Motors está no fato de o motor 2.4 l 8V ser o mais potente do mercado. Mas a marca também bate na tecla que hoje vale mais a pena comprar uma versão flex que as populares e caras picapes a diesel. Segundo ela, quem mora em São Paulo, por exemplo, gastaria valor semelhante de álcool ou diesel. Em compensação, o seguro do diesel é pelo menos o dobro e o valor pago pelo veículo pode chegar a 50% a mais comparado aos valores do modelo flex.
A verdade que a GM tem interesse especial por quebrar essa impressão no mercado, afinal apenas ela e a Ford possuem picapes médias que não são movidas a diesel somente. Porém, a Ford ainda não lançou seu bicombustível na Ranger, preferindo dar garantia ao kit gás que seja feito por empresas autorizadas.
Hoje as vendas dos modelos “não-diesel” representam cerca de 17% do total, mas na Chevrolet esse índice sobe para quase 40%. A empresa prevê um aumento de 21,5% nas vendas da picape S10 Flexpower em 2007. O preço sé praticamente o mesmo de antes: R$ 53 735 para a versão Advantage básica – a Blazer com a mesma configuração sai a partir de R$ 60 459.
Terra