Cada vez mais os blindados vem ganhando espaço no mercado brasileiro. Há 10 anos, esse serviço estava engatinhando e apenas empresários e executivos possuíam carros com este tipo de segurança. Mas de lá pra cá, as coisas mudaram muito. Em 1995 nós possuíamos apenas 5 blindadoras no país, hoje já passam de 60 as empresas que promovem esse tipo de segurança. Se naquela época o preço da blindagem era muitas vezes mais caro que o próprio carro, hoje os preços baixaram, mas também não estão baratos. A média de preço para se blindar um carro é de R$ 52 000. Um dos problemas para quem se propõe a gastar esta quantia é a sua revenda que, como constatamos, quanto maior o tempo, maior será a depreciação do veículo. Pesquisando em anunciados, achamos “ofertas” que muitas vezes podem ser micos, por muitos motivos.
O primeiro modelo que nos chamou atenção foi um Audi A3 1.8 Turbo 180 cv ano 2001.
O valor de mercado deste compacto sem ser blindado pela tabela Fipe é de R$ 43 000. Nós encontramos este modelo blindado pela Guardian pelo preço de R$ 37 500. A primeira vista é um ótimo negócio, mas indo um pouco mais a fundo, descobrimos que o modelo possui delaminação nos vidros e pode muito bem, contar com avarias na parte de suspensão e peças. O preço médio de um kit de vidros blindados é de R$ 12 000. Sendo assim, apenas com os vidros novos, o carro já sairia por quase R$ 50 000, sem contar com outros problemas que o carro pode apresentar.
Temos que ressaltar que os preços dos usados blindados variam muito, às vezes quase 80%. Isso se deve à blindadora, o grau de balística da blindagem e, claro, o estado e a manutenção que o carro recebeu ao longo dos anos. Fizemos outras pesquisas e, checamos que muitas vezes, modelos blindados com mais de 4 anos de uso, possuem uma grande depreciação que pode, em alguns casos, torná-los mais baratos que exemplares originais.
Outro carro que comparamos foi o VW Passat, um modelo também freqüente nas blindadoras. Com o ano de 2001, achamos alguns veículos com preços bem abaixo do mercado. Foi o caso de um 1.8 Turbo na cor cinza por R$ 55 000. Encontramos outros do ano de 2001, por preços que vão desde R$ 55 000 até R$ 69 000. Na tabela Fipe, o modelo tem um valor médio de R$ 53 000. Teoricamente, a blindagem sairia por apenas R$ 2 000.
Para quem está achando caro, encontramos um Marea Weekend HLX 2.0 20V ano 2000 com 100 000 km pelo preço de R$ 17 000, a primeira vista, um “achado”.
Embora o preço seja um termômetro interessante, resta saber se mesmo com valores parecidos, o carro blindado é um produto fácil de vender. Sondando algumas revendedoras de carros que possuem usados blindados, ficou claro que esse tipo de veículo tem dificuldades para ser vendido.
“O mercado não aceita bem modelos com muito tempo de uso. O comprador quer garantia da blindagem, mas nós não podemos dar. Ainda existe o problema do maior consumo devido ao carro ser pesado, e do preço do seguro, que geralmente fica mais caro”, disse Selma Brandi, vendedora de uma grande revendedora de São Paulo.
Mesmo com esses empecilhos, o ambiente de violência em que vivemos hoje em dia faz crescer a vendas de blindados zero km e assim movimenta mais o mercado dos usados.
Com os ataques do PCC em São Paulo e confrontos entre polícia e tráfico no Rio de Janeiro, a venda desse tipo de carro está crescendo, mas necessita-se de muito cuidado na hora da compra de um usado blindado.
Paulo Flores, assessor de imprensa da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem) nos mostrou algumas orientações a serem tomadas na hora da compra, feitas pelo presidente da Câmara de Comércio da Abrablin. Leia Abaixo:
– É preciso conferir se a blindagem foi realizada em todas as partes do veículo. Não só o vidro, mas toda a cabine deve receber a proteção. Muitas blindadoras oferecem a blindagem parcial, que é proibida pelo Exército.
– Antes de efetuar a compra, deve-se observar a suspensão e os freios do carro. O excesso de peso, conseqüência da blindagem, aumenta o desgaste dessas peças e reduz o desempenho.
– Inspecione os vidros e verifique se há bolhas. O vidro blindado é formado por várias lâminas. O deslocamento de alguma delas, chamado de delaminação, provoca o surgimento dessas bolhas, o que reduz a resistência balística. Dependendo da situação, será necessária a troca do vidro.
– Antes de concretizar o negócio, deve-se observar se a blindadora que efetuou o serviço ainda existe. Se a empresa já tiver fechado, não há a quem recorrer em caso de defeito. Além disso, o veículo perde valor no mercado.
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