Brasil

Traição: homens já se acostumam a perdoar

Homens e mulheres costumam trair por motivos diferentes, até por uma questão cultural, de formação, mas ninguém está livre de cometer certos deslizes ao longo d

Segundo o dicionário, traição é uma palavra derivada do latim, traditione, entrega. Que pode ser explicada como deslealdade, infidelidade no amor. Mas a traição não faz parte apenas do jogo amoroso, ela pode ser encontrada no universo da amizade, da política, ou mesmo no campo profissional. Traição é variável na sua forma e conteúdo, de acordo com a época, a cultura e o lugar. Os esquimós, por exemplo, oferecem suas esposas aos visitantes.

Mas é na área dos relacionamentos afetivos que esse verbete costuma ser mais freqüentado. A traição costuma ser uma das principais causas do fim de relacionamentos, e a infidelidade freqüentemente destrói a auto-estima e a confiança das pessoas, dos parceiros, acabando com as bases de uma relação.

Homens e mulheres costumam trair por motivos diferentes, até por uma questão cultural, de formação, mas ninguém está livre de cometer certos deslizes ao longo da vida. Quando o assunto é traição, a velha frase “atire a primeira pedra quem nunca cometeu nenhum pecado”, parece estar se transformando em um slogan que define as relações de uma sociedade que chegou ao século 21 trazendo uma herança grande de valores e comportamentos do passado.

Vários fatores podem levar a uma traição. Questões culturais, carências, insatisfação em relação a desejos e expectativas com o (a) parceiro (a), vingança, a busca pelo novo, o estímulo provocado pela sensação de perigo, ou mesmo de poder.

O que se diz por aí sobre o assunto – Na verdade, a colocação deveria ser ‘o que se esconde sobre o assunto’. Em um primeiro momento, ao serem indagadas sobre a traição, a maioria das pessoas costuma ensaiar um risinho disfarçado, que para a psicologia poderia ser tratado como uma forma de fugir da questão, ou mesmo um ato falho.

A verdade é que a maioria das pessoas não gosta de falar sobre o assunto, ou então o fazem de forma vaga e brincalhona. Geralmente o assunto é tratado na terceira pessoa, e o tema parece mexer com praticamente toda a sociedade, independente do sexo, idade, classe social, ou mesmo regime jurídico, sendo indiferente o fato do relacionamento em questão se tratar de um casamento formal ou um simples namoro.

Saber que foi enganado é geralmente uma experiência dolorosa e até mesmo humilhante, já que se coloca em jogo valores fundamentais na convivência entre duas pessoas como confiança, respeito e sinceridade. Saber-se o traidor também não costuma ser mais confortável, pelo menos para a grande maioria. Mas o assunto, ao poucos vai empolgando e quase sem perceber, as histórias acabam aparecendo.

As histórias – Embora não se tenha dados oficiais à respeito, é comum se falar que as traições acabam acontecendo por motivos diferentes, quando se trata dos gêneros. A mulher trairia motivada geralmente por uma paixão, enquanto o homem seria movido, normalmente, pela aventura. Outro ponto a ser observado, que também costuma ser definido pela questão do gênero, é quando se trata de perdoar o ‘traidor’. As mulheres costumam ser mais tolerantes, enquanto os homens perdoam menos.

A dona-de-casa de 59 anos, nascida no interior da Paraíba, criação tradicional, diz que por muito tempo achou normal as traições do marido, considerava “coisa de homem”. Só depois de muitos anos do que ela considera hoje um sofrimento, foi percebendo aos poucos que aquilo a incomodava, e muito. Casados, ela o marido vieram para João Pessoa, onde criaram os filhos. Ela não sabe exatamente como aconteceu, mas um dia resolveu dar um basta, mesmo sentindo-se ameaçada por não ter uma independência financeira. A segurança talvez tenha vindo do apoio dos filhos, já crescidos e estabelecidos na vida.

História parecida viveu a estudante de 17 anos, uma garota de classe média. O relacionamento descompromissado com o colega de turma vivia em um eterno descompasso. Quanto interessava ao garoto, quando aparecia o ciúme, eles estavam namorando e ele pegava no seu pé. Quando ele se interessava por outras garotas, a desculpa para a traição era de que estavam apenas ‘ficando’. Ela quase acreditou que isso podia ser normal, até conhecer um outro menino, que a tratou de forma diferente.

O vendedor de 25 anos se diz muito apaixonado pela namorada. Estão juntos há quase dois anos. Diz que intenção de trair, ele não tem, mas que acaba acontecendo. Ele conta que sempre fica arrependido e com medo de que ela descubra. Por acreditar que para traição não tem desculpa, o que sabe ser contraditório, tem medo de que ela não o perdoe, caso venha a descobrir.

Enquanto isso, a história do engenheiro de 27 anos contraria algumas expectativas em relação ao assunto. Sua mulher, após 4 anos de relacionamento, se envolveu com um colega de trabalho. Quando descobriu, eles se separaram por alguns meses, mas acabaram voltando, e ele resolveu esquecer o ‘incidente’. Um marido ausente por muito tempo, graças ao trabalho, ele acabou entendendo que talvez não tem há dado a atenção que ela merecia. Mas receia que o problema acabe voltando a qualquer momento, diz “que não é fácil esquecer, mesmo gostando muito”.

Surpreendentemente, foram encontradas muitas pessoas que acreditam que a traição é algo desnecessário, que acreditam que quando você sabe o que quer, a traição é algo que não aparece. Esse foi o discurso de muitos homens e mulheres, que não estão preocupados em dar nenhum tipo de satisfação à sociedade, mas apenas aos seus sentimentos.

Da mesma forma, surpreendeu algumas posições que defendem a traição como algo natural, “parte da natureza humana”, como afirmaram algumas pessoas. O que se sabe é que a traição é algo que faz parte do cotidiano. E que suas motivações, e a maneira escolhida parta lidar com o problema, geralmente dizem respeito apenas às partes envolvidas. Nem sempre a traição é sinônimo de falta de amor ou de falta de respeito pelo outro.

O que diz a tradição e o senso comum – Aqui no Brasil, a traição é inspiração para um grande número de músicas consideradas bregas. Alípio Martins é conhecido como o rei dos ‘cornos’, uma denominação popular usada para designar aquele que foi traído. Uma palavra que também teve sua origem na idade média e que também vem do latim, curnus, e significa chifre.

Em algumas regiões da Europa, quando o marido flagrava sua esposa em adultério, tinha a obrigação moral de lavar sua honra com sangue. Caso isso não fosse feito, os habitantes lhe colocavam na cabeça uma espécie de chapéu com dois enormes chifres e o mesmo era empurrado pelas ruas, sendo motivo de gozação para todos.

Em Portugal, no ano de 1715, o rei Dom José baixou uma lei destinada a proteger os casados do hábito então freqüente, de se colocar chifres nas portas das casas onde acontecia uma traição. Quando os amigos não tinham coragem de contar o ocorrido ao suposto “corno”, usavam deste artifício para alertá-lo do fato. O problema foi que alguns desordeiros começaram a colocar chifres em qualquer porta por motivos variados, o que causava muita confusão.

A poligamia – A idéia de que o ser humano é monogâmico é tão antiga quanto polêmica. Para alguns estudiosos do comportamento, essa crença estaria a serviço das convenções sociais e religiosas, camuflando os verdadeiros impulsos do homem. Pelo sim, pelo não, Igreja e Estado, em diferentes épocas, muniram-se de verdadeiros aparatos repressores para garantir a fidelidade dos casais que oficializaram suas uniões através do casamento.

Dessa forma, nos velhos tempos, caçadas aos adúlteros eram autorizadas e até estimuladas. No século XI, adúlteras eram assassinadas em praça pública por seus maridos, com o consentimento da Igreja e do Estado. Ainda hoje, países islâmicos mantêm práticas semelhantes. Em nome da honra de seus algozes, as infiéis são apedrejadas ou, na melhor das hipóteses, trancafiadas em suas próprias casas.

A poligamia existe em 84% das sociedades humanas e as relações extraconjugais estão presentes em todas as culturas. E curiosamente, houve um período em que o cristianismo orientava os homens a fazerem sexo regularmente com suas esposas, pois se considerava que o impulso sexual delas era maior que o deles.

Traição no século 21 – A Internet criou uma nova maneira de ser infiel São as salas de bate-papo, Orkut, e-mails ou MSN. Começa com mensagens, evolui para confidências, logo entra no reino das fantasias. Quando menos se espera, o marido ou a mulher já estão teclando sem parar com um desconhecido. Mesmo que nunca se transfira para o mundo real, a traição costuma machucar do mesmo jeito.


Lilla Ferreira
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