Equipes do Corpo de Bombeiros resgataram nesta quarta-feira o terceiro corpo dos escombros da estação Pinheiros do metrô de São Paulo, que desabou na última sexta (12).
Os mortos são aposentada Abigail Rossi de Azevedo, 75, a bacharel em direito Valéria Alves Marmit, 37, e o motorista de caminhão Francisco Sabino Torres, 48.
As equipes de resgate ainda buscam ocupantes de um microônibus que foi soterrado no acidente. Quatro pessoas estariam dentro dele.
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Saiba mais sobre as vítimas:
A aposentada Abigail Rossi de Azevedo, 75, tinha consulta com seu médico na Lapa, às 14h do dia do acidente. Dali, ela costumava pegar um ônibus, descer no largo da Batata e caminhar até a estação de trem. Seu marido a esperava às 15h30, na estação Santo Amaro, mas ela nunca chegou.
Aposentada, Abigail não gostava de ficar parada. Nadava três vezes por semana, fazia ginástica e apreciava viajar para o interior. Abalado, o marido da aposentada não conseguiu acompanhar as buscas. O corpo foi o primeiro a ser resgatado, na madrugada de segunda-feira (15).
Mãe de três filhos, o corpo da bacharel em direito Valéria Alves Marmit, 37, foi resgatado na noite de terça-feira (16). No dia do acidente, segundo o ex-marido, Wagner Marmit, ela deixou o escritório onde trabalhava, em Pinheiros, e se dirigiu à estação da CPTM para pegar um trem em direção a sua casa, em Carapicuíba (na Grande São Paulo).
Até a localização do corpo, os gêmeos de 11 anos não sabiam que a mãe poderia ser uma das vítimas do acidente. Valéria também deixa uma filha de 18 anos, fruto de um relacionamento anterior ao casamento.
O motorista Francisco Sabino Torres, 48, era funcionário da obra do metrô trabalhava havia um ano e meio na obra da linha 4.
Desde criança era trabalhador. Aos 12 anos, colhia milho e feijão na zona rural de Joanésia, no interior de Minas Gerais, Estado onde nasceu. Aos 18, ele passou a trabalhar em empresas de construção. Chegou a fazer serviços no Rio de Janeiro. Mas, após o casamento, há 20 anos, decidiu se mudar para São Paulo.Divulgação
Francisco tinha três filhos: uma moça de 19 anos e dois adolescentes de 14 e 15. O corpo foi resgatado no início da manhã desta quarta. Segundo seu irmão, José Afonso Torres, colegas disseram que o motorista ouviu um estalo antes do acidente, chegou a sair do local, mas foi engolido ao retornar para o caminhão para pegar sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
Não era o motorista Reinaldo Aparecido Leite, 40, quem deveria sair com a van às 14h51. Ainda não era sua vez. Mas, na sexta-feira, ele chegou mais cedo ao trabalho e saiu uma viagem antes da sua, substituindo um colega.Divulgação
Essa era, dizem amigos, uma característica de Reinaldo: muito prestativo e sempre disposto a ajudar.
Paulista e morador do bairro Maracanã, na zona norte de São Paulo, ele tem três filhos dois do primeiro casamento e mais um do segundo.
Antes de ser motorista, foi vendedor de produtos de limpeza. Gostava de jogar bola e de ir a Santos.
O amigo e ex-cunhado Cícero Souza de Loura, tem fé. "Uma vez ele foi baleado. A bala entrou pelo peito e ficou alojada. Mas sobreviveu. Se Deus quiser, dessa vez vai acontecer a mesma coisa."
O cobrador Wescley Adriano da Silva, 22, pediu para que a mulher, Thaís Ferreira Gomes, 20, não pegasse carona em sua van na sexta-feira para visitar a mãe.Divulgação
Grávida do primeiro filho do casal, ela não foi. Wescley foi soterrado com o veículo, com o qual trabalhava há três meses.
Antes, ele era segurança e se tornou cobrador porque estava desempregado havia muito tempo e queria dar uma vida mais tranqüila a Cauã, o filho que deve nascer nas próximas semanas.
"Ele é uma pessoa muito carinhosa e está babando com o filho", conta Djalma Gomes, sogro do cobrador.
"Passamos o Ano Novo em Cotia [Grande São Paulo] e ele me disse que queria muito curtir o bebê neste ano", afirma. "E que o filho será palmeirense, como ele."
O funcionário público Marcio Rodrigues Alambert, 31, pretendia trocar de carro neste ano. Ele dirigia apenas nos fins de semana. Na sexta-feira, para resolver um problema do IPTU na subprefeitura de Pinheiros, provavelmente pegou a van que foi soterrada no buraco do metrô.Divulgação
Morador de uma travessa da rua Cardeal Arcoverde, no bairro de Pinheiros, ele saiu de casa logo depois do almoço e desapareceu. Não levou celular e, até ontem, sua família não tinha nenhuma notícia de seu paradeiro.
"Ele só pode estar na cratera. Procuramos nos hospitais, fomos na polícia e nada", diz seu primo, Nélson Alambert. "Não temos nenhuma informação dele."
Casado, com uma filha de 3 anos, Marcio vivia um bom momento profissional. Trabalhando na Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, teve um aumento de salário e queria trocar de carro.
Antes da secretaria, foi funcionário da Defesa Civil e fazia resgates. "É muito triste. Até outro dia, ele participava dos resgates com a gente", disse o amigo Wilson Brandin.
"Ele é muito dedicado à família e ao trabalho", disse Nélson. "É um homem tranqüilo e que adora fazer ginástica, vai à academia. Para ele, cuidar da saúde é fundamental."
Depois de passar o dia de ontem telefonando para delegacias, hospitais e IML (Instituto Médico Legal), a família do office-boy Cícero Augustino da Silva, 58, procurou o posto da Defesa Civil montado ao lado do local do acidente nas obras do metrô para dar queixa do desaparecimento dele.
Silva está sumido desde a tarde de sexta-feira. Ele trabalha em um escritório de advocacia em Pinheiros, mesmo bairro onde mora, e costuma circular na região do desabamento para realizar sua rotina de serviços bancários.
A família suspeita que Silva esteja entre as vítimas do acidente. Isso porque a sétima vítima do acidente nas obras do Metrô um dos dois passageiros que estariam no microônibus que caiu na cratera na sexta ainda não foi identificada.
"Ele andava com dois celulares e costumava falar com sua mulher várias vezes por dia. Na sexta ele não ligou e não voltou mais para casa", diz o genro do office-boy, Luiz Roberto de Paula Silva.
"Os celulares dele estão fora de área, deixamos várias mensagens de voz e suas caixas postais estão cheias", explica.
"Estamos desesperados. Não sabemos se torcemos para que ele esteja no acidente para acabar com toda essa angústia ou se torcemos para que ele esteja em qualquer outro lugar e esteja impossibilitado de falar", afirma o genro.
Folha Online