Relatório preliminar apresentado pela Aeronáutica nesta quinta-feira (16) mostra que o jato Legacy tentou contato com a torre de Brasília momentos antes da colisão com o avião da Gol no último dia 29 de setembro em Mato Grosso.
De acordo com o relatório, foram 19 chamadas antes do choque e nove após a colisão. Até então, pouco se sabia da postura que foi tomada pelo jato naquele momento. O relatório diz ainda que a torre também tentou falar, em vão, com o Legacy.
Relatório sobre acidente com o avião da Gol
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De acordo com o relatório, não houve qualquer tentativa de contato entre Legacy e torre de Brasília entre 15h51 e 16h26 do dia 29. A partir deste último horário, a torre de Brasília tentou chamar o jato por sete vezes até 16h53. Somente neste horário, o jato teria respondido, informando que não havia conseguido entender a informação passada pela torre de Brasília.
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Segundo o relatório, o próprio jato começou a fazer contato a partir de 16h48, com 12 chamadas até 16h53. Após esta última chamada, o Legacy tentou falar, sem sucesso, mais sete vezes com a torre, até o momento da colisão com o avião da Gol, às 16h56. Houve, inclusive, um chamado a um segundo do choque, diz o relatório. Após a colisão, o jato tentou contato por mais nove vezes. O relatório alerta que não houve qualquer problema de comunicação com o Boeing da Gol.
De acordo com o coronel Rufino Antônio Ferreira, que comanda as investigações, os problemas de comunicação entre o jato e a torre de Brasília podem ter ocorrido pelo não funcionamento do transponder (aparelho de radar de comunicação) do Legacy. No entanto, não se pode, por enquanto, afirmar que o aparelho estava desligado. "Não tenho a certeza de que ele não funcionou. Tenho a certeza de que as chamadas do Legacy não chegaram", disse. "As informações não chegaram e existe uma explicação para isso. O transponder pode ser o problema, mas também podem ser os equipamentos da torre de Brasília. Tudo está sendo analisado", ressaltou o coronel.
Familiares das vítimas criticaram o teor do relatório.
O relatório confirma que o jato decolou de São José dos Campos e deveria seguir a Brasília a 37 mil pés. De Brasília até um determinado ponto, teria que reduzir a 36 mil e, em outro ponto, subir a 38 mil. Nada disso foi feito, e o Legacy permaneceu a 37 mil pés após Brasília, colidindo com o avião da Gol, que viajava na mesma altitude.
Segundo o coronel Rufino, não é possível ainda dizer os motivos que levaram o jato a não pedir autorização para manter a altitude de 37 mil pés ou por que a torre de Brasília não recomendou ao Legacy que mantivesse o plano de vôo original. "Não posso responder isso ainda. Preciso de mais informações, conversar com os controladores", explicou. "Vamos ter essas respostas".
O documento da Aeronáutica ainda não faz qualquer conclusão sobre a tragédia. "Sei que existe uma expectativa, mas qualquer conclusão é prematura", disse Rufino. O coronel, aliás, afirmou que a Aeronática não pretende apontar culpados. "Responsabilidade não é o foco de nossa investigação. Vamos apontar prevenções ao acidente", disse.
A colisão
O relatório aponta que o choque entre o Legacy e o avião da Gol ocorreu às 16h56, provavelmente, entre a asa esquerda do jato e a esquerda do Boeing. Após a colisão, os pilotos da Gol não conseguiram controlar o avião. "Iniciando um imediato mergulho até o solo", diz o relatório.
A investigação da Aeronáutica diz ainda que nenhuma das aeronaves percebeu a aproximação da outra. "Em termos práticos, ninguém viu ninguém", explicou o coronel. Segundo o relatório, após a colisão, o avião da Gol se desintegrou no ar e percorreu seis quilômetros antes de chegar ao solo. As investigações prosseguem e, segundo o coronel, o depoimento dos controladores de vôo será fundamental para a apuração do caso.
Fonte: G1