Depois de 13 horas e 28 minutos, foi encerrado o primeiro dia de julgamento do jornalista Antonio Pimenta Neves, réu confesso de ter assassinado a também jornalista Sandra Gomide, há quase seis anos, em um haras de Ibiúna, interior de São Paulo. No seu interrogatório, Neves optou pelo silêncio ao não falar sobre o crime e os momentos anteriores e posteriores ao assassinato.
No dia 20 de agosto de 2000, Pimenta Neves matou a então ex-namorada com dois tiros. O julgamento deverá ser encerrado no início da noite desta quinta-feira, de acordo com previsão do juiz Diego Ferreira Mendes, 29 anos, que preside a sessão.
O jovem juiz, que comanda o principal caso de sua carreira, diz que terá uma noite tranqüila. “Da forma com que estão correndo os trabalhos, pela sua regularidade, não há porque preocupar-se”, disse, ao responder à questão por escrito.
O interrogatório de Pimenta Neves começou por volta das 11h e não durou 10 minutos. O juiz iniciou a inquirição perguntando o nome e os locais de residência e trabalho do réu. Pimenta Neves falou seu nome, disse que mora sozinho e que é aposentado pelo INSS. Foi tudo o que se dispôs a responder.
A partir daí foram três negativas às perguntas formuladas pelo juiz. O ser perguntado se queria falar alguma coisa sobre o crime, Pimenta Neves repondeu que preferia se manter em silêncio. A pergunta seguinte foi se ele queria falar algo sobre o período que antecedeu o crime. “Não”, foi a resposta. A última pergunta foi se ele queria falar algo sobre do período que sucedeu o crime. A resposta foi novamente “não”.
Para a acusação, a postura de Pimenta Neves serve para reforçar a culpa do réu. “Seria um absurdo ele tentar reverter essa situação a esta altura do campeonato. Desse modo, a sua culpa fica inquestionável”, diz. A defesa de Pimenta Neves, comandada pela advogada Ilana Muller, preferiu não comentar a postura de seu cliente.
Antes do interrogatório, a advogada do réu pediu o adiamento do julgamento, alegando a nulidade do processo. A advogada disse que irregularidades no processo impediram o amplo direito de defesa do réu. O juiz Diego Ferreira Mendes não aceitou as alegações da defesa.
Após a curta manifestação de Pimenta Neves, o dia se reduziu à leitura dos autos do processo, que só se encerrou às 23h58. O processo tem 2,4 mil páginas, mas foram lidos somente alguns trechos, o que mesmo assim provocou bastante cansaço entre os jurados e o próprio réu. Bocejos e sinais de irritação foram visíveis.
Por volta das 17h30 um dos jurados ensaiou um pequeno cochilo, mas logo “despertou” e em seguida se socorreu com um copo de café. A promotoria tentou um acordo para terminar com a leitura dos autos e passar para os depoimentos das testemunhas, mas a defesa foi contrária à iniciativa, garantindo que a leitura era imprescindível para a defesa.
Durante todo o julgamento, Pimenta Neves realizou poucos movimentos, com o queixo apoiado em uma das mãos, quase sempre de cabeça baixa. Em pouquíssimos momentos conversou com seus advogados, que permaneceram todo o tempo ao seu lado.
As testemunhas do caso serão ouvidas a partir da manhã desta quinta-feira. Os primeiros depoimentos, da acusação, serão do pai de Sandra Gomide, João Florentino Gomide, e de Delmar Setti, dono do Haras Setti.
O juiz ouvirá também duas testemunhas escolhida por ele, a pedido das partes, além de três testemunhas da defesa. Em seguida, começa o debate entre acusação e defesa e, finalmente, o corpo de jurados se reúne para concluir o caso.
Redação Terra
Primeiro dia de julgamento é marcado pelo silêncio
Depois de 13 horas e 28 minutos, foi encerrado o primeiro dia de julgamento do jornalista Antonio Pimenta Neves
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil