Brasil

Pai de bebê morto na fila de transplante desabafa

Nesta segunda-feira, o engenheiro Rafael Paim, pai de Arthur Schlobach - morto no domingo aos 4 meses de idade, à espera de transplante cardíaco

Nesta segunda-feira, o engenheiro Rafael Paim, pai de Arthur Schlobach – morto no domingo aos 4 meses de idade, à espera de transplante cardíaco -, afirmou, durante o enterro da criança, na capital fluminense, que seu filho “foi vítima da burocracia”. Paim anunciou que irá processar o Sistema Nacional de Transplantes. Quatro dias antes do enterro, ele se reuniu com representantes do Ministério da Saúde, a fim de apresentar propostas para melhorar o processo de doação de órgãos.

“É uma forma de cobrar um sistema eficiente. As pessoas não podem sair (da fila) para a morte. Isso tem que mudar. Não quero que outro bebê passe por esse problema”, disse Rafael, que vai continuar sua campanha pela doação com a mulher, Beatriz.

Arthur morreu em São Paulo, por falência múltipla dos órgãos. Ele nasceu em 14 de novembro, no Rio, com um grave problema cardíaco congênito. Um transplante de coração era a única saída para o recém-nascido sobreviver. Ele passou por quatro cirurgias enquanto esperava um doador e, desde os primeiros dias, seus pais sabiam das dificuldades que encontrariam devido ao número limitado de doadores nessa idade.

E começaram a lutar pela doação de um coração de um bebê anencéfalo (nascido sem cérebro). Foi quando esbarraram num problema burocrático. A lei 9.434 não inclui os anencéfalos como doadores, mas a resolução 1.752/2004 do Conselho Federal de Medicina autoriza o procedimento. Em dezembro, houve a possibilidade de uma doação, mas o Ministério da Saúde precisou avaliar o caso antes da decisão.

Segundo o pai, surgiram potenciais doadores de diversos estados do país. “Apareceram 19 famílias querendo doar, mas em alguns casos a notificação demorou. Na última chance, a morte cerebral aconteceu dia 23, foi confirmada oficialmente dia 28, mas a notificação só chegou dia 30. Horas depois, o possível doador teve parada cardíaca”, conta, referindo-se a um bebê de Mogi das Cruzes. A Secretaria de Saúde de São Paulo nega.

A morte do bebê pode mudar o futuro de outras crianças que venham a nascer com o mesmo problema. “A partir de Arthur, a possibilidade de transplante de anencéfalos passou a valer para todo cidadão brasileiro”, diz Amâncio de Carvalho, diretor do Departamento de Atenção especializada do ministério. Ele nega que tenha ocorrido burocracia.

A Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos fará reunião dia 5 com representantes dos hospitais do estado para discutir com os médicos como proceder no caso de possíveis doadores. “Meu filho teve uma vida bonita. Ele viveu e fez tanto o bem como uma pessoa de 80 anos. Ele cumpriu o seu papel”, disse Rafael.

O Dia

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