Lutando contra o trauma de ter ficado como refém do ex-marido no seqüestro do ônibus 499 (Cabuçu-Central), há cerca de três semanas, em Nova Iguaçu (RJ), Cristina Ribeiro, 37 anos, tenta voltar à vida normal, mas ainda carrega um peso: demonstrar que jamais traiu André Luiz Ribeiro da Silva, 38. Semana que vem, ela vai se submeter a exame de DNA para provar que o filho do casal não é fruto de adultério.
Funcionária de clínica de radiologia em Nova Iguaçu, Cristina voltou a trabalhar segunda-feira. Feliz com a retomada da rotina, ela contou que ficou apavorada ao entrar no 499. "Chovia igual ao dia do crime. Fechei os olhos e comecei a tremer. Um passageiro segurou na minha mão e disse que só queria me cumprimentar. Todos os outros foram legais comigo", lembrou.
Autógrafos
No trabalho, também não tem sido diferente. "Toda hora tenho que parar para falar com alguém. Me pedem até autógrafo", contou ela, que já consegue brincar com sua popularidade. Mas quando lembra do terror que viveu em poder de André, Cristina chora. Foi o que aconteceu ontem durante audiência pública na Assembléia Legislativa, que debateu violência contra a mulher.
"Ainda sinto dor de cabeça e no maxilar. Também não consigo dormir. E quando cochilo, sonho que meu ex-marido consegue fugir durante uma rebelião", disse. Em relação ao marido, Cristina é taxativa: "Quando penso nele na cadeia, tenho pena. Mas quando lembro das dores que senti no seqüestro, tenho ódio".
A titular da Delegacia de Atendimento à Mulher de Nova Iguaçu, Lauren Faria, instaurou procedimento para apurar em que órgãos do estado Cristina não foi atendida ao pedir ajuda quando era ameaçada pelo marido.
O Dia