“O Pequeno Príncipe” faz 60 anos

“O Pequeno Príncipe” está completando 60 anos: a idade da eterna juventude para o menino solitário de Antoine de Saint-Exupéry, que já vendeu mais de 80 milhões de exemplares no mundo.

Na realidade, 60 anos e um pouco mais, já que o livro foi publicado na França pela primeira vez em abril de 1946, mas tinha aparecido três anos antes nos Estados Unidos (em inglês e em francês), onde o escritor havia se refugiado antes de voltar à França para combater os ocupantes alemães.

“O Pequeno Príncipe” é até hoje o livro francês mais vendido no mundo. Traduzido para 160 idiomas, tem entre 400 e 500 edições diferentes, segundo Alban Cerisier, que se ocupa da obra de Saint-Exupéry na editora Gallimard.

O sucesso mundial coroa o livro-testamento de um homem cansado, atormentado pela doença e as seqüelas de seus numerosos acidentes de avião, e entristecido por uma vida sentimental complicada.

O começo foi a silhueta de um menino louro esboçada por Saint-Exupéry em meados de 1942 na toalha da mesa de um restaurante de Nova York. O editor americano Eugene Reynal, com quem almoçava no momento, sugeriu que convertesse o desenho no personagem de uma história para crianças.

Aos 42 anos de idade, Antoine de Saint-Exupéry era o arquétipo do escritor aventureiro. Herói da epopéia dos pioneiros da aviação, já havia alcançado sucesso como autor de “O Correio do Sul” (1928) e “Vôo Noturno” (1931), e seu último livro, “Terra dos Homens” (1939), tornou-o um dos franceses mais célebres nos Estados Unidos.

Era também um homem só, rejeitado por muitos compatriotas no exílio.

Para escrever “O Pequeno Príncipe” recorreu a suas recordações de infância. Levou seis meses para escrevê-lo e mais três para publicá-lo. O livro foi editado em 6 de abril de 1943 por Reynal and Hitchcock. Em agosto, tinham sido vendidos 30.000 exemplares da edição em inglês.

“O Pequeno Príncipe” se dirige tanto aos adultos como às crianças, já que, como escreve seu autor, “todas as pessoas foram primeiro crianças”. Os elementos autobiográficos são numerosos na obra.

Sua mensagem de fraternidade e seu universo poético fazem dela uma obra universal.

Uma semana depois do aparecimento de “O Pequeno Príncipe” nos Estados Unidos, Saint-Exupéry partiu, no dia 13 de abril de 1943, para o norte da África para se incorporar às forças da França Livre. No dia 31 de julho de 1944, quando realizava uma missão em seu avião P38 Lightning, desapareceu ante ao litoral de Marselha, sem nunca ter visto a edição francesa de seu livro.

A França comemora os 60 anos da aparição de “O Pequeno Príncipe” com numerosas publicações, exposições e espetáculos.


AFP