O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus colegas sul-americanos defenderam na noite de sexta-feira (8), na Bolívia, acelerar a constituição de uma comunidade regional com base na integração dos recursos energéticos.
Na sessão inaugural da 2ª Cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações, Lula propôs uma reunião extraordinária no próximo ano para tomar ações concretas que levem à união dos grandes recursos naturais da região como forma de combate à pobreza no continente.
"A integração energética, assim como a infra-estrutura, será um dos motores da Comunidade Sul-Americana de Nações, o mesmo que o carvão e o aço foram para a União Européia nos anos 50", afirmou Lula em seu primeiro discurso no encontro, que acontece em Cochabamba.
O mandatário colocou como metas fundamentais a coordenação de esforços na exploração e distribuição de petróleo e de gás, a ampliação da interconexão de energia elétrica e a cooperação para produzir combustíveis renováveis como álcool e biodiesel.
"Nossa região dispõe das maiores reservas de recursos energéticos do mundo", afirmou Lula, pedindo a seus colegas que promovam investimentos e associações "que permitam sua utilização em termos justos e com benefícios para todos."
Já o mandatário anfitrião, Evo Morales, disse que após a nacionalização dos hidrocarbonetos, decretada na Bolívia em maio deste ano, o país terá um superávit fiscal pela primeira vez em três décadas.
"É importante recuperar nossos recursos naturais. Daí virá a verdadeira solução dos problemas sociais que têm nossos povos, que têm nossas nações", enfatizou ele, ao abrir formalmente a cúpula.
Essa é uma das formas pelas quais Morales crê que se pode combater a pobreza. Segundo ele, "saques" de recursos naturais ocorreram por vários anos em países da região, devido a políticas impostas por potências internacionais.
"Agora, aqui estamos juntos para nos integrar, para nos unir como América do Sul, e evitar que isso se repita", disse.
Temas como o avanço em direção a uma zona de livre comércio sul-americana nos próximos sete anos devem ser discutidos no encontro, que tem a presença de todos os mandatários sul-americanos com exceção do presidente que está deixando o posto no Equador, Alfredo Palacio, e seus colegas da Argentina e da Colômbia.
Os presidentes eleitos do Equador, Rafael Correa, e da Nicarágua, Daniel Ortega, participam como convidados. A cúpula está sendo marcada pelo clima de tensão criado pelos protestos contra o governo boliviano, pela resistência da oposição de direita ao domínio oficialista numa assembléia constituinte, que derivou numa onda de greves de fome e confrontos.
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