O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu 33 propriedades rurais em Pernambuco desde março, quando o movimento iniciou em todo o país a “jornada de luta” para lembrar os dez anos do massacre de Eldorado do Carajás (PA).
A marca foi anunciada ontem, véspera da marcha que reunirá 2.000 sem-terra em Recife. Os lavradores percorrerão parte da BR-101 para marcar a participação do MST no 2º Fórum Social Brasileiro e depois seguirão para o centro da cidade.
As ações do MST espalham-se por todo o país. Invasões, bloqueios de rodovias e saques já foram registrados, mas até agora não há notícia de punições.
Em Pernambuco, onde dois caminhões foram saqueados na segunda-feira, ninguém ainda foi acusado. As seis toneladas de massas e biscoitos saqueadas não foram recuperadas.
Os sem-terra alegam fome e morosidade do governo para justificar seus atos. As invasões são consideradas por eles “simbólicas”, por envolver áreas pertencentes a donos de supermercados, como ocorreu em Santa Catarina, ou por estar sendo reivindicadas “há anos”, como ocorre em Pernambuco e Alagoas.
Com o fim dos protestos de 17 de abril, data do conflito entre policiais e agricultores que resultou na morte de 19 trabalhadores rurais no Pará, o MST passou a concentrar suas ações em grandes manifestações coletivas.
Marchas reunindo cerca de 3.550 pessoas foram iniciadas em Alagoas, Ponta Grossa (PR) e Goiás. A intenção, segundo o movimento, é cobrar do governo agilidade na reforma agrária e pedir a punição dos responsáveis pelas mortes no campo.
Em Alagoas, 5.000 sem-terra ligados ao MST, ao MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), ao MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) e à CPT (Comissão Pastoral da Terra) seguiram em direção a Atalaia (65 km de Maceió).
“É uma marcha contra a violência e a impunidade nos assassinatos de sem-terra em Alagoas”, disse Carlos Lima, coordenador da CPT no Estado. Segundo a entidade, nos últimos 12 anos, 39 lideranças foram mortas em Alagoas.
No caminho, os sem-terra invadiram o prédio da Ceal (Companhia Energética de Alagoas) para pedir melhorias na instalação elétrica de assentamentos.
Em Goiás, duas marchas rumo a Goiânia reúnem 850 sem-terra. “Temos quatro objetivos: promover o debate sobre a reforma agrária, fazer atividades informativas, massificar os acampamentos e tocar na questão econômica”, disse o coordenador estadual do MST Valdir Misnerovic.
Em Ponta Grossa (PR), cerca de 200 sem-terra bloquearam anteontem o acesso à fazenda experimental da Embrapa na cidade para apressar a desapropriação de parte da área, invadida há três anos. Não houve incidentes.
Em Pernambuco, os sem-terra se reuniram hoje com representantes de outras entidades ligadas à Via Campesina. Em seguida, participarão de um novo protesto, no centro de Recife.
Para o presidente nacional da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antônio Nabhan Garcia, as ações dos sem-terra “não se justificam”. “Há Justiça no país para decidir sobre o que ocorreu no Pará, mas não se justifica lembrar a data fazendo pressão, invadindo e agindo na ilegalidade”, declarou.
Folha Online
MST já invadiu 33 fazendas em Pernambuco desde março
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu 33 propriedades rurais em Pernambuco desde março
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