SÃO PAULO – O secretário dos Transportes do Estado de São Paulo, José Luiz Portella, afirmou no final da noite de sábado, que as equipes de resgate pretendem alcançar as vítimas soterradas na cratera do metrô na manhã deste domingo.
Em entrevista à TV "Globo News", o coronel Santos, um dos responsáveis pelas buscas, diz que ainda esperam encontrar sobreviventes. "A esperança é a útima que morre", afirmou.
Os bombeiros mudaram de estratégia nas buscas. Às 8 horas, com máscaras de oxigênio para driblar o forte cheiro de gasolina, dez deles entraram por dutos de ventilação da Rua Ferreira de Araújo, a 400 metros do local do acidente.
Seguindo pelo túnel entre as futuras Estações Faria Lima e Pinheiros, encontraram, a 35 metros de profundidade, um Corsa e um Palio retorcidos. “Achei que poderia ser até a van”, disse o capitão Kleber Castro, referindo-se ao microônibus engolido pela cratera.
Pelo alto da cratera, outros dois caminhões foram retirados, mas o trabalho teve de ser paralisado para estabilização do terreno. Para permitir a abertura de um buraco entre a cratera e o túnel, foi usada uma retroescavadeira. A cada ação da máquina, parte da terra do túnel cedia. Em alguns trechos, bombeiros tiveram de usar as mãos.
“No início, a água dentro do túnel batia quase no peito. Depois, conseguimos drená-la e ficou na canela”, explicou o capitão. Por volta das 13 horas, eles resolveram encerrar a operação. Afinal, era inútil continuar porque a terra acumulada desceria em direção ao local onde estavam.
Pelo menos cinco guindastes trabalham na retirada de escombros que impedem o avanço das escavações. Um efetivo de 30 homens do Corpo de Bombeiros trabalhou durante toda a madrugada e contou com o auxílio de cães farejadores e detectores de metais.
Ao mesmo tempo, técnicos da Defesa Civil e engenheiros do consórcio responsável pelas obras da Linha Amarela do metrô tentam estabilizar a grua gigante que ameaça cair. Funcionários fixaram cabos de aço no equipamento e reforçaram as paredes de sustentação.
De acordo com o governador José Serra, quando a estrutura for retirada, uma das pistas da Marginal Pinheiros poderá ser liberada, o que deve acontecer até a noite deste domingo.
No momento do acidente, no meio da tarde de sexta-feira, vários veículos tombaram e os edifícios Passarelli, que abriga 16 empresas, e da Editora Abril, além de residências no local, foram esvaziados.
O acidente levou à interdição de diversas casas na região e do tráfego de uma das principais vias da maior cidade do País. E a volta do rodízio municipal de veículos pode ser antecipado para amanhã.
Possíveis vítimas
A Secretaria da Segurança informou que foram registrados boletins de ocorrência sobre o desaparecimento de seis pessoas. Uma das vítimas é o caminhoneiro Francisco Sabino Torres, que seguiu para o canteiro às 6h30 de anteontem e não voltou.
Segundo a Transcooper, cooperativa proprietária da van, o veículo caiu na cratera com pelo menos quatro pessoas, entre elas, o motorista Reinaldo Aparecido Leite, de 40 anos, e o cobrador Wesley Adriano da Silva, 22, além de possíveis passageiros.
As autoridades acreditam que, dos outros desaparecidos, dois eram passageiros da van. Segundo parentes, Marcio Rodrigues Lambert, de 31 anos, e a advogada Valéria Alves, 37, estavam na região da Rua Capri, que rachou com o acidente.
Ontem à tarde, o comerciante Silvio Azevedo, 45, afirmou que sua mãe, Abigail Rossi de Azevedo, 74, caminhava pela rua na hora da tragédia.
O último sinal captado pelo sistema de rastreamento do veículo indica que a van se encontra no local do acidente, em uma profundidade de cerca de 30 m.
Falha detectada na quinta-feira
Portella também admitiu neste sábado (13) que as falhas nas obras do metrô de SP eram conhecidas desde a quinta-feira (11), de acordo com matéria publicada na "Folha de São Paulo" deste domingo.
132 desalojados
De acordo com informações da Agência Estado, a Defesa Civil da cidade de São Paulo divulgou balanço informando que 55 residências estão interditadas na região próxima ao canteiro de obras da Linha 4 do Metrô, no bairro de Pinheiros.
Segundo a Defesa Civil, trata-se de 42 famílias, num total de 132 pessoas, que estão hospedadas em dois hotéis, o Golden Tower e o Quality. O número de desabrigados, no entanto, pode ser maior do que 132 porque algumas pessoas optaram por ficar na casa de familiares. Das 55 residências, 17 estão localizadas na rua Capri, 26 na rua Gilberto Sabino e 12 apartamentos em um edifício da rua Conselheiro Pinto. Alguns moradores questionaram o metrô por não terem feito a desapropriação de suas casas.
Segundo a Companhia do Metropolitano de São Paulo, as despesas com a hospedagem destas famílias será paga pela seguradora do consórcio de empresas responsável pelas obras da linha 4 do Metrô de São Paulo. A Defesa Civil do Estado montou uma base de operações no bairro para auxiliar os moradores da região.
O governador São Paulo, José Serra (PSDB), afirmou durante uma breve visita ao local do acidente que o governo do Estado dará todo apoio às famílias que tiveram suas casas prejudicadas pelo desabamento.
Fonte: Ultimo Segundo