Um menino de 8 anos sobreviveu por uma semana dentro de uma cisterna a base de água da chuva, barro e capim. O fato ocorreu em um setor de chácaras em Senador Canedo, a 18 km de Goiânia. A criança foi resgatada pelo dono da chácara, o funcionário público Valdeci do Nascimento Sobrinho, 42, no último sábado, dia 16. Além de apresentar ferimentos pelo corpo, estava muito abatida e debilitada.
Já internado e sem previsão de alta, o garoto contou que estava indo para casa de um colega com seu cachorro e resolveu cortar caminho pela plantação de guariroba – um tipo de palmeira típica da região. Correndo, não viu o buraco construído para ser uma cisterna, com 6 metros de profundidade e 1,5m de diâmetro. Os gritos pedindo socorro foram em vão, pois a casa mais próxima estava a 200 m do local do acidente.
A fim de chamar a atenção de quem passava, o garoto tirou o calçado e sua blusa e jogou do lado de fora do buraco. A atitude do "garoto-herói" – como ficou conhecido no hospital – foi essencial para que ele fosse achado. "Eu vi uma camiseta do lado da cisterna, mas achei que era do meu sobrinho", disse Valdeci.
Durante a semana em que esteve dentro da cisterna, choveu muito na cidade. Para espantar o frio, a criança contou que se enterrava no barro. "Eu comia barro com capim", afirma, "mas estava com medo de morrer."
Família provisória
Sob os cuidados do Hospital Materno Infantil em Goiânia, ele está sozinho. Sua mãe, a dona de casa Irene Pereira, 36, o acompanhou nos primeiros atendimentos, mas desde sábado à tarde não apareceu mais.
O Conselho Tutelar já considera que a família não é capaz de cuidar do garoto e não descarta a possibilidade dele ser encaminhado para uma família provisória. "Vizinhos e familiares contam que os pais se separaram há pouco tempo e que nenhum dos dois tem condições de cuidar dele", ponderou a conselheira Maria dos Aflitos Araújo.
Redação Terra