O Ministério Público destacará um promotor para acompanhar as investigações sobre as 57 mortes em Guarulhos entre os dias 12 e 19. Trinta e quatro vítimas estavam com tiros na cabeça, disparados por armas de uso exclusivo das forças de segurança do estado. Duas semanas após os ataques do PCC, o secretário de Administração Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, pediu demissão ontem.
Os assassinos se empenharam em não deixar testemunhas. Foram dez casos de duplo homicídio, dois de triplo e uma chacina com cinco mortos. De acordo com laudos do Instituto Médico-Legal, apenas nove vítimas possivelmente ofereceram algum tipo de resistência.
Os dados chamaram a atenção do Ministério Público, que, em reunião com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de São Paulo, traçou a estratégia para investigar a onda de violência que assolou o estado. Um dos pedidos é para os hospitais passarem a se negar a receber pessoas que já estejam mortas levadas por policiais.
As características dos crimes reforçam as suspeitas de que grupos de extermínio formados por agentes de segurança agiram em represália aos ataques iniciais do PCC. De acordo com Carlos Eduardo de Souza, da Comissão de Direitos Humanos de Guarulhos, em todos os casos na cidade há indícios de que as vítimas foram mortas por motoqueiros de toucas ninja. Os ataques ocorreram quase sempre em bares e ponto de ônibus. Dos 57 mortos, 30 tinham, no máximo, 25 anos de idade.
O único local de homicídio preservado para perícia foi onde morreu o PM Edmilson Simões da Silva. Em dia de folga, morreu quando dirigia a lotação do pai.
De janeiro a março, Guarulhos, a segunda maior cidade de São Paulo, com 1,2 milhão de habitantes, registrou média de 1,066 assassinato por dia. Entre os dias 12 e 18, a média subiu para oito casos por dia.
O Ministério Público recebeu ontem por volta das 17h os últimos boletins de ocorrência enviados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo sobre o período de violência extrema. O procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, disse que cruzará os boletins com os laudos do IML sobre as mesmas mortes. Até a semana que vem, divulgará as conclusões, ao contrário do que pediu o secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro, que queria sigilo.
Uma comissão especial integrada por entidades de direitos humanos também vai acompanhar as mortes ocorridas em São Paulo. Membros estarão segunda-feira em Guarulhos para discutir a situação com moradores e autoridades. Ontem, finalmente alguns corpos que estavam no IML foram enterrados no Cemitério Perus.
O Dia
Laudos indicam suspeitas de execução em São Paulo
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