O julgamento de Suzane von Richthofen, que participou do assassinato dos pais em 2002, e dos irmãos Daniel e Christian Cravinhos, marcado para segunda-feira no 1º Tribunal do Júri, será o primeiro do Brasil exibido ao vivo pela televisão. Decidido a dar ao julgamento o acesso que a população cobrava, o juiz do caso, Alberto Anderson Filho, autorizou que os meios de comunicação façam a captação de áudio e vídeo no plenário e transmitam o material em tempo real. “O júri é público. Se a pessoa pode sair de casa para ver no plenário, tudo bem que veja em casa”, afirmou.
O site criado pelo Tribunal de Justiça para receber inscrições dos interessados em assistir ao julgamento no plenário, de 150 lugares, entrou em colapso pouco depois de ir ao ar, na sexta-feira. Ele recebeu cerca de 5 mil acessos em duas horas.
A idéia de Anderson é que o julgamento seja transmitido, em tempo integral, pela TV Justiça, do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesse caso, a TV Cultura, emissora pública, captaria as imagens e as geraria para um satélite, no qual a TV Justiça e demais emissoras pegariam o sinal. O aval para o uso da TV Justiça depende da presidente do STF, Ellen Gracie.
A assessoria do STF confirmou ontem que está em estudo a possibilidade de colocar à disposição das emissoras o sinal com imagens do júri. Mas a TV Justiça não poderá transmitir o julgamento ao vivo. Isso porque sua programação é o resultado de uma parceria com 32 colaboradores e uma transmissão dessa natureza exigiria complicada negociação. Caso a transmissão não seja feita por meio da pela TV Justiça, as outras emissoras poderão instalar as câmeras no plenário. Além disso, o site da Escola Paulista de Magistratura (EPM) terá o apoio de um provedor de internet para transmitir o júri online.
A defesa e a acusação aprovaram a decisão do juiz. “Isso garante a transparência do processo e a responsabilidade das outras Cortes quando houver recurso”, disse o promotor Roberto Tardelli. “Eu sou absolutamente favorável, até para que haja vigilância da sociedade. A imprensa tem de fiscalizar”, afirmou o advogado de Suzane, Mário de Oliveira Filho.
Precedentes – O advogado Luiz Fernando Pacheco, de 32 anos, vê aspectos positivos e negativos na transmissão: “É interessante pelo aspecto da publicidade (no sentido de tornar público), mas me preocupa que haja uma certa espetacularização.”
Para o criminalista José Luís Oliveira Lima, a decisão é inadequada, pois fere o direito à privacidade do réu. “Não vejo com bons olhos. O julgamento deve demorar alguns dias e isso pode criar um sensacionalismo inadequado”, afirmou.
O desembargador José Renato Nalini acredita que a decisão pode ter um aspecto pedagógico. “As pessoas poderão ver como é um júri e quais os argumentos apresentados.”.
Os advogados de Suzane entraram ontem com recurso no Tribunal de Justiça. Eles pediram a retirada do processo do crime de uma fita contendo a gravação da entrevista ao Fantástico, da TV Globo, na qual Suzane foi flagrada recebendo de seus defensores a orientação de posar de menina inocente e desamparada.
A primeira manhã de Suzane desde que deixou o presídio em Rio Claro pareceu tranqüila ontem para quem observou de fora a movimentação no apartamento do advogado Denivaldo Barni, onde ela cumpre prisão domiciliar. (Colaboraram Mariângela Gallucci, Camilla Rigi, Thélio de Magalhães e Natália Zonta).
Agência Estado
Júri de Suzane e dos Cravinhos será transmitido pela TV
O julgamento de Suzane von Richthofen será o primeiro do Brasil exibido ao vivo pela televisão
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil
Brasil