Uma aposentada de 67 anos, moradora de São Caetano do Sul (ABC), teve um infarto e morreu, na última segunda-feira (12), após receber um trote dizendo que o seu filho havia sido seqüestrado.
Mércia Mendes de Barros, que sofria de problemas cardíacos há nove anos, morreu sem saber que o "seqüestro" era apenas um trote. Ela foi enterrada anteontem e deixa marido, três filhos e cinco netos, entre sete e 21 anos.
Na segunda-feira, às 19h, o telefone tocou, e a aposentada atendeu. No outro lado da linha, um homem disse que havia seqüestrado o filho do casal. Como a essa hora dois dos três filhos já estariam em suas casas, Mércia lembrou logo de Luciano Mendes de Barros, 31, gerente de um posto de gasolina na cidade. Ela gritou "pegaram o Luciano!" e começou a passar mal.
O marido de Mércia, José Pereira de Barros, 65 anos, pegou o telefone e ouviu uma voz, rouca e chorosa, falando: "Me ajuda, eles vão me matar". "No desespero, a gente não identifica direito a voz. Pensei que fosse mesmo o meu filho", contou Barros.
Ele afirmou ainda que o "seqüestrador" pediu R$ 60 mil de resgate. "Falei que era taxista e, então, eles pediram carro, jóias e todo o dinheiro que eu tivesse."
Barros deixou uma vizinha na linha com o seqüestrador enquanto correu ao banco para sacar dinheiro. Quando voltou com R$ 800, soube que a sua mulher tinha piorado e sido levada para o hospital, desacordada, pelo filho Luciano, que, àquela altura havia chegado à residência dos pais. "Fui até a casa dos meus pais porque um funcionário do escritório que funciona na frente da casa deles conseguiu me localizar no celular", relatou.
Luciano afirmou que a mãe ainda tentou telefonar para ele, mas o seqüestrador ameaçou matar a "vítima" caso a família usasse outro telefone para ligar para alguém.
Abalado, o marido tem receio de levar o caso à polícia, pois teme represália se os culpados forem presos. Até o início da noite de ontem, a família ainda não havia registrado boletim de ocorrência.
Folha Online