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Folhetos em guarani vão orientar índios no uso da energia elétrica

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Há mais de 40 anos usando o querosene para acender chamas e clarear o ambiente, os índios da aldeia Sapukai, em Angra dos Reis, no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, ao clicar um interruptor vão ter toda a oca iluminada. As cerca de 80 famílias que vivem no alto da Serra do Mar foram incluídas no Programa Luz para Todos, do governo federal, que leva luz elétrica às áreas rurais. Agora, eles poderão ter uma geladeira para conservar os alimentos, assistir a televisão e ouvir rádio. A luz elétrica foi ligada na aldeia há pouco mais de um mês, mas a inauguração oficial das obras aconteceu ontem (26) com uma festa na escola indígena guarani Karai Kuery Renda, que fica próxima à aldeia.

A eletricidade não faz parte dos costumes dos índios guarani, mas está sendo bem moradores da aldeia ficaram ansiosos com a chegada da luz elétrica. A maioria deles não fala português e se comunica em guarani. O pajé admitiu que a novidade “assusta um pouco”.

“Vamos precisar de orientação da Funai Fundação Nacional do Índio e também desse pessoal que colocou os postes e os fios aqui na aldeia. Eu não sei nem ligar a televisão e tenho que aprender para ensinar o meu povo”, comenta o cacique.

Ele também disse que está preocupado com as crianças da aldeia. “Todo mundo diz que se encostar na tomada pode levar um choque e não quero perigo para minhas crianças, mas sei que a luz elétrica é boa e que pode nos ajudar a trabalhar melhor e ganhar dinheiro para comprar comida”, acrescentou.

O coordenador do programa Luz para Todos na Funai, Cristino Machado, informou que há uma equipe técnica do órgão responsável pela preparação dos índios para o recebimento da luz elétrica. Segundo ele, foram feitos folhetos no idioma falado pelos índios, para orientá-los sobre como usar a energia elétrica, seus benefícios e também os riscos.

“A chegada da luz elétrica para essa aldeia significa um ganho muito grande, porque eles vão poder desenvolver várias outras atividades e gerar renda para a subsistência da comunidade”, explicou.

Os índios da aldeia Sapukai vivem da agricultura e do artesanato. Com a eletrificação, foram também inaugurados na aldeia uma oficina coletiva para a confecção de cestos e bijuterias e um ateliê de corte e costura para estimular as mulheres a aprender o ofício.

Em cada uma das casas (ocas feitas de bambu e barro) foi colocado um marcador de energia pela distribuidora Ampla. Os índios vão pagar a tarifa cobrada em áreas rurais, que é mais barata do que a tarifa para áreas urbanas ? R$ 0,29 contra R$ 0,49 por quilowatt

consumido. Segundo Cristino Machado, no primeiro mês as contas ficaram em torno de R$ 10 e R$ 15 nas casas com geladeira, televisão, rádio e liquidificador. De acordo com o índio Ernesto Silva, um dos poucos do local que falam português, o gasto com a conta de luz vai ser menor que a despesa que as famílias indígenas tinham para comprar querosene. Uma média, segundo ele, de R$ 30 por mês.

Agência Brasil

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